segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ida à piscina

(história anterior)

Desde aquela maldita tarde em que a minha irmã Joana me obrigou a sair à rua vestido de rapariga, tal como eu receava, comecei a viver um autêntico Inferno. Ela praticamente transformou-me no seu escravo, obrigando-me a fazer os seus trabalhos de casa enquanto ela ia sair com as amigas, às compras, sei lá. Como eu tinha sobre mim a eterna ameaça do “ou fazes o que te digo ou mostro as fotos de ti em menina ao pai”, não tinha outra alternativa senão cumprir com as suas ordens.

 
Todavia, a malvadez de Joana não se limitava a fazer de mim o seu escravo. Ela adorava humilhar-me e, sempre com aquela ameaça de me revelar, obrigava-me a tudo o que quisesse. Muitos dias, fui para a escola com algumas das suas cuecas velhas vestidas em vez dos meus boxers. Outras vezes ela dava-me collants para vestir por baixo das calças… e a merda é que, durante o dia, ela fazia-me abrir as calças para confirmar se, efectivamente, eu as trazia vestidas!
Uma noite, ao jantar, Joana disse ao pai que se tinha ido inscrever na piscina e que, se calhar, era uma boa ideia eu fazer o mesmo, para “me ajudar a desenvolver o corpo”, sugestão que mereceu a aprovação do pai. Todavia, conhecendo a minha irmã como conheço, eu tinha as minhas dúvidas de que ela o estivesse a fazer em atenção a mim… aliás, a careta que ela me fez quando o pai estava a olhar para a TV disse logo tudo.
Após nos inscrevemos, a primeira coisa que fui fazer foi comprar uns calções de licra e todas as coisas necessárias e que eles pediam para a natação, fazendo logo o meu saco para levar no primeiro dia – e escondendo-o do alcance de Joana, para prevenir alguma das suas ideias…
No primeiro dia, eu e Joana fomos juntos a pé até às piscinas, comigo sempre à espera de ouvir bocas da minha irmã; todavia ela manteve-se sempre calada, a ouvir música e a falar com as amigas no Whatsapp. Entrámos no recinto, passámos os nossos cartões de utente pelos torniquetes, recebidos após a inscrição, e cada um foi para os seus balneários. Nem por uma vez Joana se dirigiu a mim ou fez o que quer que fosse, o que estranhei…
No balneário, estava um outro rapaz a acabar de se equipar. Esperei que ele saísse, agarrando-me ao telefone para disfarçar; quando fiquei sozinho, despi a minha t-shirt e os calções de ganga, revelando as cuecas cor-de-rosa com folhos que Joana me obrigara a vestir de manhã, o principal motivo para eu querer estar sozinho no balneário. “Ao menos aqui posso vestir uns calções como deve ser, porra!” pensei para comigo, abrindo o fecho do saco e retirando a touca de borracha, procurando depois os meus calções. Agarrei neles e tirei-os, e o meu coração falhou um batimento quando vi que aquilo que eu tinha na mão, afinal, não era os calções que eu havia comprado e metido no saco, mas sim um fato de banho! “Aquela puta!!” Como era possível que, apesar de todos os meus esforços, ela me havia conseguido trocar os calções pelo fato de banho?! Logicamente entrei logo em pânico, a pensar o que fazer, se me voltava a vestir e fugia para casa, arriscando-me a ter de me explicar perante o pai, se vestia aquele fato de banho e tentava ser uma gaja – coisa que não sei fazer, pronto, admito-o. Mesmo assim, engoli em seco e lá me espremi dentro do fato de banho, resolvendo que a humilhação ali seria menor que a da alternativa… Assim que o meu corpo ficou dentro do fato de banho azul-escuro com umas manchas encarnadas, ou esbranquiçadas, ou sei lá, ajeitei ao máximo os meus genitais de forma a notarem-se o menos possível sob aquela licra, coloquei a touca do mesmo estilo na cabeça, coloquei os óculos de mergulho por cima da touca e retirei do saco os chinelos para andar pelas instalações; tal como eu receava, não eram os que eu tinha metido no saco, mas umas havaianas cor-de-rosa choque. Apeteceu-me tanto esganar Joana naquela altura…

- Luís Monteiro!
Ouvi chamarem o meu nome e estive quase, quase a levantar o braço, mas detive-me. Se me acusasse, toda a gente ali ia-se fartar de rir e escarnecer de mim, com Joana a ser a principal gozona. Mesmo assim, vi-a a olhar para mim a sorrir, um sorriso escarninho.
- Luís Miguel Rodrigues Monteiro? – voltou a repetir a professora de natação que estava encarregue dos novos alunos. Como não respondi, ela continuou a chamada, enquanto eu engolia em seco, tentando descobrir uma forma de descalçar aquela bota. Quando ela acabou a chamada, virou-se para todos – Há alguém que não tenha sido chamado?
A medo, levantei o braço.
- Sim? Como te chamas?
- Luísa… Luísa Monteiro.
Por causa de ainda não ter passado pela puberdade, a minha vozinha ainda era algo aguda: esperei que fosse o suficiente para a enganar…
- Luísa? Ah, OK, devem-se ter enganado no teu nome quando fizeram a lista de alunos. – ela fez um risquinho na lista que segurava na mão – Muito bem, vamos começar!
Naquela altura, olhei para Joana e o seu ar de regozijo não podia ser maior. 
Consoante a nossa idade, fomos separados em grupos, onde íamos sendo avaliado o que já sabíamos fazer na água. Os meus pais haviam-me ensinado a nadar com tenra idade e sempre que íamos à praia fazia questão de praticar, por isso a professora ficou impressionada comigo – o oposto do que eu queria, visto querer passar o mais despercebido possível… e de vez em quando via um dos meus colegas a olhar-me para o baixo-ventre.
- Que é que foi?! – perguntava eu nessas alturas, fazendo-os olhar para outro lado rapidamente.
Após perto de uma hora dentro de água, comecei a sentir vontade de ir à casa de banho. Pedi licença à professora, limpei-me, montei-me nas minhas havaianas espampanantes e horrorosas e fui a caminho do WC. Passei a porta do mesmo e avancei até à zona das sanitas… quando uma voz se ouviu:
- Oh miúda, a tua casa de banho não é esta!
Olhei para trás e vi um homem de meia-idade que envergava um fato de treino e que aparentava estar divertido por ver-me ali.
- Oh, meu Deus, peço desculpa! – exclamei, lembrando-me só então da minha posição. Virei costas, ficando de todas as cores possíveis e rumei ao balneário feminino, ouvindo uma gargalhada atrás de mim. Ainda de todas as cores, corri até à porta do lado feminino, entrei sem olhar para nenhum lado e enfiei-me na primeira porta aberta que encontrei, fechando-me lá dentro. Assim que fiquei livre de olhares, comecei numa luta com o fato de banho, tentando sair de dentro dele; quando finalmente o consegui, sentei-me na sanita e lá me consegui aliviar.
Quando a minha bexiga se esvaziou e eu espremi as últimas pinguinhas é que comecei a pensar no grande problema que eu ia ter dali a bocado quando a aula acabasse e tivéssemos de ir embora: eu tinha deixado as minhas coisas no balneário masculino, e ia ter de me despir e vestir ao mesmo tempo que o resto da malta da minha turma… Engolindo em seco, voltei a enfiar-me dentro do fato de banho, ajeitei-me de forma a não ficar com um grande volume nas partes baixas e saí da retrete.

A última parte da aula passou quase sem que eu desse por ela, de tão preocupado que eu estava na forma como contornar o problema do mudar de roupa. Nem sequer sei o que fiz durante aquele tempo…
Então, aconteceu aquilo que eu tanto temia: a professora apitou para o final da aula. Toda a gente se dirigiu para as escadas para sair da piscina enquanto eu congelei onde estava, incapaz de me mexer.
- Luísa? – a professora teve de me abanar – Luísa? Querida, a aula já acabou…
- Ah… OK, obrigado, professora, desculpa… – abanei a cabeça e afastei-me na direcção das escadas. Sentia algo às voltas na minha barriga e não sabia se ia aguentar. Voltei a montar-me nos meus chinelos e fui a correr para o balneário feminino (daquela vez acertei) onde sem hesitar me enfiei dentro de uma das retretes, fiz por despir novamente o meu fato de banho e sentei-me na sanita quando já não conseguia aguentar mais; no instante seguinte os meus intestinos libertaram o seu conteúdo como se não houvesse amanhã. Era sempre assim: quando me enervava em demasia, ficava com diarreia.
Fiquei ali uns bons dez minutos, não só para me esconder de toda a gente mas também porque a minha barriga não estava a dar tréguas. Quando finalmente a coisa deu sinais de querer acalmar, limpei-me e voltei a vestir o fato de banho, mas não puxei o autoclismo nem saí da retrete. Fiquei quieto, à espera que as raparigas saíssem todas do balneário para aí poder tentar ir ao dos rapazes para mudar de roupa e sair dali para fora. Só que elas ainda demoraram bastante, e enquanto isso eu esperava, desesperava e agonizava com o cheiro da minha evacuação.
Eventualmente deixei de ouvir vivalma; esperei mais um bocadinho, para me certificar de que a costa estava livre, depois abri a porta da retrete, puxei finalmente o autoclismo, respirei uma enorme golfada de ar, saí a correr em direcção ao balneário masculino e parei antes de entrar, pondo-me à escuta e tentando ver se aquele também estaria vazio. Como me pareceu que não estava ninguém, enfiei por ali dentro, tentando despachar-me antes que algum empregado ali entrasse para se certificar de que estava tudo em ordem e me encontrasse naqueles preparos. Despi febrilmente o fato de banho, tirei os óculos de mergulho (nem me lembrava que ainda os tinha nos olhos, tal o nervosismo) e retirei a touca, ficando nu. Peguei novamente nas cuecas cor-de-rosa e hesitei sobre se deveria vesti-las ou não… e foi então que comecei a ouvir passos. Sentindo um calafrio, escondi as peças de roupa femininas dentro do saco e enrolei-me na toalha que eu tinha para tomar banho. Quando o empregado entrou no balneário, eu estava a fingir que me estava a limpar.
- Ah, ainda está aqui gente. – disse, com ar enfadado – Despacha-te, os alunos da aula a seguir não tardam a estar aí!
Voltei a sentir um calafrio quando olhei melhor para ele e constatei que era o mesmo homem que me vira quando eu quisera ir à casa de banho. Rezei para que não me reconhecesse enquanto respondia:
- Sim, senhor, não me demoro nada.
Ele virou costas e saiu, não sem antes me deitar um olhar inquiridor. Seria por causa de eu ter demorado tanto tempo ou ter-me-ia reconhecido o rosto? A dúvida não me deixou enquanto eu largava a toalha e vestia a roupa, cuecas e tudo, metia tudo ao molho dentro do saco e fugia dali para fora.

No exterior, encostada a um poste de iluminação, estava Joana, sempre agarrada ao telemóvel. Assim que me vou, desatou-se a rir.
- Finalmente! Já estava para ir à tua procura…
- A culpa é tua! – gritei – Se não me tivesses metido neste sarilho, já estávamos em casa há séculos!
Ela continuou a rir-se.
- E então, “Luísa”, foi assim tão difícil mudares de roupa?
- Vai p’ró caralho. E não me chames Luísa.
E virei-lhe costas.
- Se eu fosse a ti, maninho, – continuou ela, caminhando atrás de mim – deixava crescer o cabelinho e andava com esses pintelhos que tens na cara sempre cortados. É que a “Luísa”, para vir à piscina, tem de arranjar forma de passar menos despercebida no balneário das meninas… e talvez ela deva mesmo começar a aparecer em mais lados…
- Vai-te foder, Joana!! – gritei, enquanto desatava a correr para me distanciar dela, chorando de raiva e de impotência.

(história seguinte)

1 comentário:

  1. Fico à espera do seguimento... sei que vai ter. Gostei. Beijinhos

    ResponderEliminar