domingo, 15 de março de 2015

Ajuste de contas (parte 1)

(história anterior)

Dei mais uma volta à roda de ferro do cavalete e ouvi Ana a gritar novamente.
- Sinceramente, eu gostava muito de saber o que hei-de fazer contigo… – suspirei, com voz triste, enquanto tomava mais um comprimido para as dores do tornozelo.
Entre gemidos, a minha mulher lá respondeu:
- Amor… por favor… eu… eu… elas foram longe demais… eu não quis… eu não quis que elas fossem tão duras contigo…
Encolhi os ombros, antes de lhe dar uma chibatada nos seios.
- O mais giro no meio disto tudo é que tu planeaste isto. Tu quiseste-te vingar de mim por algo que eu e a tua irmã te fizemos… e do qual, se bem me recordo, tu até gostaste. E, pior ainda, tu vingaste-te de mim. Só de mim. Não foi de mais ninguém. – e voltei a dar-lhe com o flogger, não com muita força, nos seios já apertados por tiras de borracha apertada.
Ela recomeçou o seu pranto, enquanto me quedei a pensar no que lhe deveria fazer a seguir.
- Amor… minha vida… paixão… por favor… eu pensei que te fosses divertir… afinal… éramos quatro para um… ou para dois, com Ellen… depois… depois…
Meti-lhe a mão sobre a boca e o nariz, calando-a e tirando-lhe o ar. Enquanto ela se debatia, a minha mente viajou pelos acontecimentos das últimas semanas.



O ano começara comigo sendo cativo de toda a irmandade Karabastos, em que todas elas se aproveitaram de mim para ter prazer – de tal forma que até me forçaram a tomar Viagra para elas terem algo ainda maior e mais duro para se satisfazerem – sem se importarem muito com o meu próprio deleite – fazendo-me mesmo passar fome e sede, não tendo grande atenção às minhas necessidades fisiológicas. Depois disso senti alguma mágoa por ter sido tratado daquela forma e tive de me afastar um pouco daquela gente e em especial de Ana, o que a deixou algo sentida.
Mas então aconteceu algo estranho: apesar de eu não ter qualquer memória disso, estive desaparecido do mundo durante quase três semanas. A última memória que tenho desse dia 7 de Janeiro foi de ir de carro a caminho do estádio do Desportivo para tratar do treino matinal… e, depois disso, apenas me recordo de acordar num sítio escuro, dentro de um saco de plástico parecido àqueles onde se guardam as peças de carne no talho… até dei por mim a pensar que aquilo era mais uma ideia das irmãs da minha mulher, mas depressa tive de descartar essa ideia ao ver que aquele lugar aparentemente estava abandonado havia imenso tempo. Eventualmente fui encontrado por Ana e por um amigo meu, que me disseram, para espanto meu, que me encontrava no estado de Nevada, nos Estados Unidos da América. Foram feitos testes médicos, psicológicos, de todo o género e feitio, mas estava tudo bem comigo, não havendo explicação para aquele “apagão” de vinte dias.
Ter sido encontrado por Ana fez-me recuperar um pouco da fé que eu tinha nela e recordar-me porque estávamos juntos, pude sentir novamente o seu amor por mim. Todavia, eu precisava de espantar os “macaquinhos no sótão” que eu ainda tinha desde aquela temporada sob o jugo das Karabastos. Por isso, peguei em Ana, trazendo-a acorrentada até à cave, onde a meti na nossa salinha de torturas e a atirei para cima do cavalete sem grande cerimónia, prendendo-a ao aparelho e começando-a a esticar, ao mesmo tempo que a ia magoando…

Quando senti que já chegava, tirei-lhe a mão da cara. Ana solveu grandes golfadas de ar, tentando recuperar a compostura. Enquanto ela tentava respirar novamente, eu ia olhando para ela, observando-a. Ela estava completamente nua, apenas de coleira em redor do pescoço, presa pelos pulsos e tornozelos ao aparelho de tortura medieval, que já a fazia estar completamente esticada mas sem estar ainda a puxar-lhe pelos ossos. Havia-lhe colocado tiras de borracha em volta dos seios, apertando-lhos, e uns elásticos nos mamilos, com o mesmo propósito.
Quando Ana pareceu recuperar o fôlego, decidi que era altura de apertar com ela e fazer com que me respondesse a algumas coisas que me martelavam o cérebro – não só desde o meu “rapto”, mas se calhar desde os meus primeiros contactos com elas.
- Ora bem, querida, vamos lá passar a coisas sérias. – comecei, fazendo-a olhar para mim – Não julgues que estás aqui apenas para que eu te estique e te bata um bocadito, depois monto-me em cima de ti e pronto. Andamos muito mal habituados, essa é que é a verdade…
Vi-a olhar com ar desiludido para mim.
- Não? Amor… então?
- Vamos ver se este cavalete volta a ser eficaz a extrair a verdade. Ou a fazer-te falar… – e acariciei-lhe o mamilo apertado.
- Falar? De… de que… falas?
- De ti. Da tua irmandade. De vocês. Há coisas em vocês que não fazem sentido… e eu acho que tenho de as saber – ou, pelo menos, a tua parte da história.
Ela voltou a gemer assim que lhe apertei os mamilos.
- Amor… não sei… de… de que falas…
- Sabes. Sabes sim. Quero que me fales dessa vossa capacidade de conseguirem parecer gémeas. Durante muito tempo, sempre julguei que isso se devia a maquilhagens, roupas, saltos de tamanhos diferentes e pronto. Quando eras só tu e a Andreia, era uma teoria que eu aceitava. – comecei a torcer-lhe os mamilos, fazendo-a gemer – Mas nesta última vez, vocês eram quatro, com a Ângela e a Amélia a serem algo diferentes de vocês as duas, mais altas, mais baixas, loiras, e eu não sei quem fez o quê naquela noite! Porquê? E, já que estou com a mão na massa… a porque raio consegues ser duas pessoas diferentes, uma esposa dedicada e amorosa e uma mãe galinha e… quando mudas o chip transformas-te numa louca ninfomaníaca?
Reparem: não me estava exactamente a queixar, pois eu sempre dissera que tinha a sorte de ter uma mulher com o melhor de todos os mundos. Todavia, já que a tinha ali… porque não tentar compreendê-la um bocadinho melhor?
Quando ela parou de choramingar, surpirou em voz baixa:
- Não… não p… não posso…
Permiti-me um meio-sorriso: aquilo era sinal que eu estava na pista certa e que, realmente, havia ali marosca! Levantei-me e debrucei-me sobre ela, beijando-lhe os lábios abertos, um acto ao qual era respondeu com um soluço.
Quando as nossas bocas se separaram, fiquei a saborear o momento, vendo uma réstia de esperança a aparecer-lhe nos olhos; então agarrei-lhe no cabelo com força:
- Ana, não digas que não podes: se tens boca, podes falar. O que talvez queiras dizer é que não deves, mas… aconselhava-te a reveres essa tua posição, que eu não quero fazer-te mal, mas se não cooperares… – e a minha mão agarrou na roda.
A minha mulher começou a choramingar.
- Querido… por favor… não posso… não devo…
- Estás a querer dizer-me que vamos ter segredos entre nós a partir de agora? – fui dizendo, à medida que simulava mexer na roda – Queres que comece também a arranjar algumas coisas para te esconder?
- Não… por favor… eu… – as lágrimas já lhe escorriam à cara abaixo – pede-me tudo… pergunta-me tudo… menos isso… elas… elas davam cabo de mim…
- Quem? – franzi o sobrolho – As tuas irmãs?
Ela não respondeu, deixando-se ficar a soluçar. Levantei-me e fui a coxear até uma bancada não muito longe dali, enquanto matutava no que ela dissera. Então ali havia realmente segredos familiares metidos ao barulho… hesitei sobre se deveria tentar arrancar-lhos, se deveria passar por cima daquela máxima do “ignorância é felicidade”. Acabei por encolher os ombros enquanto acendia um par de velas encarnadas, pegava nelas e numa venda e regressava para a beira do cavalete, onde Ana continuava a soluçar. Os seus olhos amedrontados estavam fixos em mim: depois de um breve momento de hesitação, acabei por lhos cobrir com a venda de cabedal preto que tinha na mão.
Ah, merda.
- Não quero que tenhas segredos de mim, querida. Eu não te escondo nada, não te oculto nada, a minha vida é um livro aberto para ti e és a única pessoa a ter esse acesso. Por isso creio poder pedir-te para ter reciprocidade do teu lado, contares-me tudo sobre ti… Eu, de ti, da tua família, sei o que me contaste. Sei a versão “oficial”. Mas sinto que há coisas que não me contaste e que deixaste escudadas por trás de Andreia. Pois bem, ela não está aqui, amor, somos só tu e eu. – comecei a deixar-lhe cair pingos de cera em cima dos seus seios, com a vela a escassos centímetros do seu corpo; e sempre que uma pinga lhe caía sobre a pele sensível e magoada, ela soltava um grito de dor – Diz-me quem és tu. Diz-me que poderes tens. Diz-me!
A cada gota de cera, o seu pranto aumentava de volume. Todavia, Ana pôde articular algumas palavras:
- Por favor… Carlos… não… não me faças isto… por favor… não posso… elas… rebentavam-me… outra vez…
- Outra vez? – agitei a vela por cima do seu peito, espalhando mais gotas a escaldar pela sua pele.
- S-sim… elas… ahhhh… n-não posso… jurei… tradição… família…
- Isto acaba quando tu quiseres, Ana. A não ser que não fales. – as velas foram passando por cima das suas pernas, braços mas especialmente por cima do seu peito, enquanto Ana se debatia e tentava fugir à cera que lhe caía em cima do corpo manietado.
Decidi parar e mudar de táctica: enquanto ela continuava a balbuciar, de um salto, regressei à bancada e regressei de lá com um balde com água fria e algumas pedras de gelo. Primeiramente, molhei a mão no balde e deixei cair algumas gotas de água gélida em cima do seu corpo: a sua reacção foi dar um salto no cavalete e soltar um berro. De seguida, a minha mão molhada em água gelada começou a passear pelo seu corpo quente, causando-lhe fortes arrepios. Era giro ver a sua pele a arrepiar-se ao meu toque!
- Eu sei que tu és uma rapariga normalmente submissa, amor. – continuei – O que me faz causar alguma estranheza ver-te por vezes tão dominante, tal como durante o meu rapto, mas adiante. Sei que és masoquista e que suportas que te faça tudo o que gosto de fazer, mas… será que mesmo assim não te consigo arrancar nada? Tenho de te bater a sério, até se ver o branco das tuas costelas, para conseguir arrancar algo de ti? Raios, não sou esse tipo de pessoa, não vou chegar a esse limite porque te amo intensamente, mais que o que sonhas, mas… eu preciso de saber. Acho que me deves isso.
Vi o queixo de Ana tremer, talvez de nervos, talvez de medo, talvez de frio. Continuei a passar-lhe a minha mão molhada pelo corpo, enquanto lhe via as lágrimas a escorrer à cara abaixo. Vi-a abrir e fechar a boca, como se quisesse falar, como se estivesse a tentar soltar a língua, ou a pensar no que me poderia dizer sem quebrar quaisquer juras que tivesse feito.
- Já… já… me sacrifiquei… p-por ti… junto delas…
A minha mão deteve-se.
- Hein? Como assim?
A sua cara contorceu-se num esgar de alguém prestes a desatar num berreiro.
- O… o Miguel… o n-nosso filho… era…
Aproximei a minha cara da dela e coloquei o ouvido perto da sua boca, pois não queria perder uma palavra que fosse do que ela ia dizer. Que tinha o nosso filho a ver com o assunto?!
- … era para… para ter sido u… uma m-menina…
Franzi o cenho.
- Foda-se, Ana, não estás a fazer sentido nenhum. Começa pelo princípio. Que tem o nosso filho a ver convosco? E que pessoas ou “criaturas” são vocês??
A minha mulher voltou a soluçar, comigo a pensar que talvez estivesse a apertar demasiado com ela. Mas eu tinha de a quebrar… todavia, lá a deixei recompor-se, a ver se era desta.
- Carlos… – sussurrou ela, quando se acalmou – é uma história demasiado longa… e… o mais provável é tu… tu nem vires a… acreditar em mim…
Passei-lhe a mão pelo cabelo, tentando confortá-la um pouco.
- Amor, sempre acreditei em ti, e tu sabes disso. Sempre te dei o benefício da dúvida quando não tinha certeza… e nunca me arrependi. Até hoje. Por isso fala, diz-me tudo. Por mim. Pelo nosso amor.
Ela pareceu acalmar-se, apesar de as lágrimas ainda correrem de fio à cara abaixo.
- Se… se elas v-vierem… a sa-saber disto…
- Sim, sim, já passámos essa fase. – interrompi-a, impaciente – Se elas souberem, eu trato delas. “Na alegria e na tristeza”, foi o que a menina do Registo Civil disse quando nos casou. Nessa altura, se as tuas irmãs te quiserem linchar, ou assim, eu pego em ti e fugimos para algum lado onde não possam chegar, nem que seja no Inferno.
Querendo dar-lhe mais um incentivo, coloquei a minha mão na zona do seu baixo-ventre. Os meus dedos começaram logo a acariciar-lhe o clitóris e a tocarem dentro dela: já estava húmida… Ana soltou um gritinho de surpresa; e suspirou de desapontamento quando tirei a mão de lá e a voltei a borrifar com água fria.
- Se quiseres mais toques na rata, abre o jogo. Senão continuamos com as velas e a água fria, ou com algo mais violento…
- Carlos, eu… – começou ela a dizer; depois hesitou – eu… a minha fa… família é muito… muito antiga… descendente dos deuses… Afrodite…
- Sim? – voltei a tocar-lhe no clitóris, fazendo-a soltar mais um uivo.
- Sim… os nossos poderes… vêm daí… de conseguirmos… controlar os homens… fazê-los saciarem os n-nossos desejos…
Não disse nada, apenas voltei a tocar-lhe na sua vulva. Ana começou a lamber os lábios.
- Na n-nossa família quem s-sempre mandou foram as mulheres… ahh… o poder f-foi passando de geração após geração através das filhas… havia a lenda de que… que nós apenas paríamos raparigas… não é verdade… apenas uma de cada geração era a enca… encarregue de passar o poder à… à geração seguinte… ahhh…
Voltei a pegar numa das velas, agora apenas um mero coto, e despejei mais um pouco de cera em cima dos seus seios; o resultado foi que Ana torceu-se no cavalete, mordendo os lábios, e apertou as pernas, como que a tentar impedir que eu lhe tocasse nas partes privadas.
- Calhou-me… ahhhh… calhou-me a mim ser a mãe da geração seguinte… tenho uma marca na nuca… uma manchinha em forma de concha… quem a tem é a mãe da próxima geração da nossa… família… hmmm….
Naquele momento, parei de lhe tocar e fui verificar o que ela dissera: agarrei-lhe no cabelo e levantei-lhe a cabeça, aproximando o meu olhar da nuca da minha mulher. Depois de perder alguns momentos, lá consegui enxergar a tal mancha a que Ana aludia. Realmente, nunca reparara naquilo…

continua...

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