segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A sessão fotográfica

Olhei para o relógio e soltei um palavrão. Tinha-me esquecido por completo a que horas Bill me havia dito para estar no estúdio, e ele não era propriamente a pessoa mais paciente… Corri pela rua, os saltos das minhas botas a ressoarem contra o chão: felizmente, já não me encontrava muito longe do endereço que ele me havia dado.
Quando finalmente cheguei, fui imediatamente cumprimentada por Bill, que estava à porta da casa a fumar um cigarro:
- Olá, jeitosa. – ele sorriu, beijando-me na face – A Lucy chegou já há um quarto-de-hora.
- Já?! – perguntei – Oh, gaita, cheguei atrasada, não foi?
Ele riu-se, acabando o cigarro e deixando-me entrar no local onde estava combinado fazermos a sessão fotográfica, seguindo-me.
- Não, Ana, ela veio mais cedo. Disse que pensava que iria demorar mais tempo a cá chegar… é no que dá trabalhar com modelos estrangeiras. – e piscou-me o olho. Só pude sorrir perante a boca, que também me atingia.


Bill levou-me até a uma espécie de camarim, do outro lado da casa, dizendo-me, em traços largos, como estava planeada a sessão: Lucy estaria a fazer inquéritos porta-a-porta, eu deixá-la-ia entrar, seduzi-la-ia… e, daí em diante, estávamos por nossa conta. Sem brinquedos, nem cordas, nem BDSM, nada de extraordinário, acrescentou ele… e eu comecei a perder um bocado o interesse: cenas lésbicas simples são tão aborrecidas… mas calei-me.
Entramos no camarim e Bill indicou-me uma cadeira de uma fila de uma meia-dúzia onde se sentava uma rapariga loira, que já vestia um casaco e saia cinzentos, uma camisa branca, meias pretas e sapatos de salto alto da mesma cor. Estava acompanhada de June, a responsável pela maquilhagem, uma mulher de meia-idade sempre com imensas histórias para contar e que me fazia sempre rir, que lhe acabava de aplicar o eyeliner.
- Meninas, um momento. – Bill disse a ambas as mulheres, que ficaram a olhar para ele; ele então dirigiu-se à loira – Lucy, esta é Ana, a tua parceira para esta sessão. Ana, – aqui ele olhou para mim – obviamente, esta é a Lucy. June, assim que puderes, começa a tratar da Ana… estamos com o horário apertado.
Enquanto a mulher assentia, os meus olhos fixaram-se em Lucy. Ela tinha uma cara redonda, de olhos escuros, quase como se tivesse uma expressão triste. O seu cabelo loiro – aparentemente pintado – quase soltava raios de luz pela divisão e os seus lábios eram delicados e causavam desejo. Mesmo com as roupas a disfarçarem a sua figura e o facto de estar sentada, era possível notar-se o seu peito firme e as suas pernas compridas. E, subitamente, o meu interesse regressou.
Como eu ia ser a “cliente”, decidi envergar algo casual por cima da lingerie que havia escolhido (corpete, tanga e meias encarnadas), uma t-shirt branca e jeans rasgados, e… botas de cabedal pretas de salto alto, pelo joelho, claro – desde adolescente que as botas eram o meu calçado preferido, de tal forma que cerca de ¾ da minha colecção de sapatos são botas dos mais diversos tamanhos, qualidades e feitios.
Lucy já estava preparada quando eu acabei de vestir a t-shirt, portanto June pôde tratar de me maquilhar sem demora. Ela não carregou na pintura: afinal de contas, eu estaria em casa. E, sendo algo simples, ela apenas demorou cerca de dez minutos a preparar-me para a acção. Quando me levantei da cadeira, Bill e Lucy estavam a olhar para mim, cada um de seu lado da porta.
- Pronta? – perguntou Bill.
- Só mais uma coisinha. – declarei, tirando a aliança de casamento do meu dedo anelar esquerdo e entregando-a a Jane. O meu marido não se importava de me ver sem aliança nas fotos; para além disso, eu tirava-a por respeito a ele e à nossa relação, tal era o amor que eu tinha por ele… voltei a olhar para Bill, sorrindo – Agora sim, estou pronta.
- Vá ver, então, horas de irmos.
- Hora de espectáculo. – acrescentou Lucy, com uma voz delicada (delicada como os seus lábios)… para além de uma distinta pronúncia inglesa (escusado será acrescentar que o nosso diálogo foi todo em inglês). Sorri e fiz-lhe sinal para avançar.
Bill conduziu-nos ao local onde iria decorrer a acção, uma sala espaçosa, metade dela ocupada por holofotes, luzes e fotógrafos. Tudo estava apontado para uma área que ia desde uma porta exterior até a um sofá de cabedal comprido com uma mesinha de frente que tinha algumas revistas em cima. Todos nos colocámos nas nossas posições: Lucy saiu pela porta, enquanto eu me sentava no sofá, lendo uma revista, e Bill ia trocar mais umas impressões com Danny, o fotógrafo principal (naquela altura lembrei-me que, se tudo estivesse igual, quem estaria ali seria o meu primeiro marido…); depois ele afastou-se e deu um grito para que todos tomassem as suas posições. O cenário pareceu ficar deserto, e eu senti-me verdadeiramente sozinha ali.

Assim que ouvi as pancadas de Lucy na porta, fui até à porta, abrindo-a e simulando ter uma conversa com ela antes de a deixar entrar. Ela sentou-se numa das pontas do sofá, enquanto eu me sentava no meio, não muito longe de Lucy. Os fotógrafos iam-nos tirando fotografias enquanto ela ia continuando a fingir que falava comigo e eu lhe respondia, aproximando-me dela após cada resposta… até que ficamos encostadas uma à outra.
Sinceramente eu estava sem ideias do que fazer para ser o mais realista possível na minha manobra de seduzir Lucy, mas aquela loira era tão bonita, tão excitante… acabei por me deixar ir e deixar os meus instintos guiarem-me: acabei por acariciar carinhosamente o seu rosto. Ela aparentou ficar sobressaltada, enquanto a minha cara reflectia embaraço genuíno; então ela sorriu e agarrou na minha mão, levantou-a e beijou-a com os seus lábios delicados. A minha excitação começou a aumentar e eu acabei a encostar os meus lábios aos seus… abraçando-nos enquanto nos beijávamos.
Comecei a abrir o casaco que Lucy vestia, com ela a acabar de o tirar e deitar-se de costas no sofá, com os nossos lábios ainda unidos. Lentamente (para toda a acção ser capturada pelas máquinas fotográficas sem ficar desfocada), ela também me tirou a t-shirt, mostrando a todos o meu corpete encarnado, apertado de tal forma que as minhas mamas quase saíam por cima dele. Afastámo-nos, ambas com os nossos olhos cheios de luxúria, enquanto cada uma de nós olhava para o corpo da outra; de seguida, Lucy começou a desabotoar a sua camisa, lentamente, até que um soutien preto me apareceu à frente. Acabei por ajudá-la com os últimos botões, ajudei-a a retirar a camisa e abracei-a novamente quando o seu corpo ficou livre daquela peça de roupa. Os meus lábios começaram a descer dos seus lábios, passando pelo seu pescoço, pelo seu peito (onde puxei o soutien para baixo e descobri os seus mamilos), pelo piercing que ela tinha no umbigo e parei ali, as minhas mãos atirando-se ao botão da sua saia, que estava mesmo à frente dos meus olhos.
- Estás a ir tão depressa… – sussurrou Lucy.
Como resposta, sorri para ela e desabotoei-lhe a saia, baixei-a e tirei-lha, sorrindo ainda mais ao olhar para uma tanga preta, quase transparente e um cinto de ligas que mantinha as suas meias em posição. As minhas mãos, então, abriram os botões das minhas próprias calças, acabando por as retirar, enquanto Lucy ficava a admirar a minha tanga encarnada sobre um cinto de ligas também vermelho, ligado às minhas meias de rede. Os meus lábios regressaram ao seu umbigo, continuando a viagem anteriormente interrompida, beijando cada vez mais para baixo, até que cheguei ao elástico da sua tanga. Os meus olhos ergueram-se para ver o olhar que Lucy me atirava – fixando-me naqueles olhos apaixonantes dela – e as minhas mãos começaram a baixar-lhe a peça de lingerie, revelando a sua tirinha de pêlos púbicos, fininha, e os seus lábios vaginais, implorando pelos meus beijos. Tremendo de desejo, não pude impedir a minha língua de tocar na sua vulva; quase imediatamente, a sua respiração aumentou. As minhas mãos agarraram-lhe nas ancas, abrindo-lhe as pernas, enquanto a minha boca trabalhava furiosamente na sua ratinha, sentindo-a cada vez mais molhada, lambendo-a sem piedade. Comecei a ouvir Lucy gemer, mais alto após cada passagem da minha língua… e, subitamente, parei. Ela pareceu intrigada ao ver-me levantar, sempre com um sorriso na cara, mas ela compreendeu quando comecei a tirar a minha tanga, já algo húmida. Eu estava no comando das operações, sendo eu a sedutora, e achei que a minha própria ratinha merecia algum carinho.
Deitei-me em cima dela, em posição de “69”, e continuei a beijar-lhe os lábios vaginais, ao mesmo tempo que a sua boca entrava em contacto com o meu próprio baixo-ventre – e os meus movimentos aceleraram logo. Queria sentir a humidade daquela loira na minha boca, sem sequer pensar, por um instante, no facto de estarem cerca de trinta pessoas a verem-nos a ter sexo… e metade delas a tirarem-nos fotografias – ou até a sentir-me excitada por causa deles, a provocá-los, a eles e aos que, mais tarde, veriam aquelas fotos e se masturbariam com elas. Quase gritei quando a língua de Lucy entrou bem fundo de mim; como retaliação, a minha fez-lhe o mesmo, com a mesma fúria, o mesmo vigor… Então, quase rasguei o meu corpete, tirando-o e desnudando o meu busto; de seguida, deitei-me de costas na outra ponta do sofá, convidando Lucy a juntar-se a mim. Ela não se fez rogada e deitou-se por cima de mim, a sua boca imediatamente a beijar-me um dos meus mamilos furados, os seus dedos a entrarem dentro da minha ratinha. Foi a minha vez de gemer… A ponta da sua língua brincava com o brinco que eu tinha no mamilo enquanto ela chupava o meu seio, enquanto o seu dedo do meio me penetrava… Desesperadamente tentei continuar com o controlo da situação, colocando a minha própria mão no seu baixo-ventre, brincando com o seu clitóris, mas em vão: naquele momento, era Lucy que estava a controlar-me…
- Não te vais vir ainda, querida. – sussurrou ela.
- Por favor… – supliquei, baixinho, enquanto mais um dedo entrava em mim; soltei mais um gemido.
Já não conseguia ouvir os clicks das máquinas fotográficas ou ver os seus flashes: todos os meus sentidos estavam unicamente focados nos estímulos que Lucy me estava a proporcionar, enquanto a minha própria mão lhe penetrava a ratinha, brincava com os seus lábios, o seu clitóris. Todavia, quando o terceiro dedo de Lucy entrou dentro de mim, tive de parar: tudo o que conseguia fazer a partir daquele momento era tremer e gemer, cheia de desejo de atingir o clímax, mas aguentando até que aquele demónio inglês me desse a luz verde…
- Vem-te na minha mão, querida… tu sabes que queres. – desafiou Lucy, para meu alívio… e ela tinha razão: eu estava desesperada por me vir, faria qualquer coisa por isso…
Gemi por um par de minutos ao sentir-me dominar por um sentimento de júbilo inenarrável, ao sentir os dedos de Lucy dentro de mim a tornarem-se mais escorregadios, ao sentir-me ainda mais encharcada que antes. Os seus lábios aproximaram-se dos meus novamente, a sua língua invadiu a minha boca, tocando na minha língua, com a minha mão a regressar ao seu baixo-ventre, regressando a estimular furiosamente os seus lábios vaginais e o seu clitóris. Os nossos mamilos tocaram-se quando eu a apertei nos meus braços, o seu corpo tremeu ao ter um orgasmo também; apesar disso, não deixámos de nos masturbar uma à outra.
Quando a minha mão estava molhada o suficiente, tirei-a da ratinha de Lucy e coloquei-a entre as nossas bocas abertas, connosco a limparmos a minha mão da sua essência, fazendo de seguida o mesmo à mão que estivera a penetrar-me até ao clímax.
Quando ambas as nossas ratinhas se acalmaram, deixámo-nos ficar deitadas no sofá, com Lucy por cima, beijando-nos, brincando com os nossos lábios, as nossas línguas, até que ouvimos a voz de Bill:
- Corta!
Todavia, ambas estávamos tão entretidas e num estado tão zen que nem o ouvimos, continuando no nosso “namoro”. Foi preciso ele ir ter connosco e tocar-nos nos ombros para sairmos daquele estado de transe.
Sobressaltada, perguntei-lhe, em voz baixa:
- Foi aceitável?
- Aceitável?! Estás doida?! Foi óptimo! O que dizem? – e virou-se para o resto da malta que ali estava, obtendo exclamações de aprovação. De relance olhei para muitos deles… e vi altos na zona do baixo-ventre de muitos, até mesmo de Bill.
Sorri e abracei Lucy enquanto todos nos aplaudiam, dando-lhe um beijo na bochecha e recebendo outro. Depois, regressámos para o camarim onde June nos esperava, para nos limparmos.

Convidei Lucy para jantar comigo e com Tommy, a minha manager (que tivera um caso comigo durante o meu primeiro casamento e que adorava ter-me a seus pés, amarrada e amordaçada – mas talvez um dia vos conte isso) mas ela acabou por declinar, dizendo que tinha um compromisso já marcado. Assim foi um jantar apenas para duas, com Tommy a falar-me das propostas que recebera para mim, com vista a futuras sessões, e eu a responder-lhe quais as que me interessavam. Depois dos assuntos de negócio tratados e da refeição ingerida, rejeitei uma proposta de Tommy para passar a noite em casa dela (e, claro está, embarcar em mais uma sessão de deboche nos braços daquela mulata estrondosa) e optei por ir para o meu quarto de hotel descansar.

O meu voo de regresso a Portugal era às 10h15 do dia seguinte, portanto tinha bastante tempo para descansar. Abri a porta do quarto, deixando cair no chão o saco com as minhas roupas e atirei-me para cima de um sofá que estava ali por perto, pensando na sessão daquela tarde. Claro, eu havia-me deixado levar bastante, vendo as coisas mais a frio… mas soube tão bem, o orgasmo fora tão bom, que eu estava-me nas tintas. E Lucy… bom, gostava de a poder encontrar outra vez. Gostava de ver aquela cara doce, tão apaixonante, os seus olhos melosos, os seus lábios ardentes… Não me importava nada de ter uma noite de sexo com aquela loira. E mais uma, e mais uma, e mais uma…
Levantei-me e fiz menções de ir até à casa de banho, mas estaquei ao ouvir um ruído proveniente do meu quarto. Sobressaltada, fui andando, pé ante pé, e abri ligeiramente a porta, vendo que a minha cama já estava ocupada por alguém. Alguém que estava sem roupa debaixo dos lençóis. Alguém de cabelos loiros, de olhos melosos e lábios ardentes.
- Olá, gatinha. – cumprimentou Lucy – Estava à tua espera.
- Lucy?? Mas… como… – eu estava chocada. Encontrar uma rapariga com quem havia trabalhado, encontrá-la a ela, o objecto dos meus pensamentos prévios, na minha cama, era… inesperado, para dizer o mínimo. Mas foi uma boa surpresa.
- Liguei à tua manager, ela disse-me onde estavas alojada. E… convenci um dos empregados de hotel a deixarem-me entrar. – sorriu ela.
- Mas porquê tanto trabalho, Lucy?
- Senta-te aqui a meu lado – e bateu com a mão na cama, a seu lado – e eu explico-te.
Dei uns passos em frente, tirando a aliança de casamento – já estava mesmo a ver no que aquilo ia resultar – e sentei-me onde ela me indicou, enquanto ela baixava os lençóis, revelando o seu corpo nu.
- Esta tarde foi incrível – Lucy declarou, colocando os seus braços à minha volta – Foi trabalho, claro está, mas soube tão bem… e deixou-me vontade de mais, sabes, Ana? Quero uma repetição. Quero provar-te outra vez.
 - Oh, Lucy… – comecei a dizer, mas ela não me deixou acabar: os seus lábios juntaram-se aos meus, tal e qual como naquela tarde, e os seus lábios ainda sabiam divinalmente.
As suas mãos tiraram-me logo a blusa, revelando os meus seios. Sem perder tempo, tirei as minhas calças, juntando-me a ela debaixo dos lençóis. Suspirei quando ela se deitou por cima de mim, esfregando o seu baixo-ventre na minha cara. Não foram precisas palavras: eu sabia o que ela queria… e o que eu queria. A minha língua entrou dentro dela imediatamente, com as minhas mãos a pousarem nas suas coxas, enquanto Lucy mexia-se para cima e para baixo, a montar a minha cara. Então, as minhas mãos jogaram-se em direcção dos seus seios, as minhas unhas longas logo a puxarem-lhe os mamilos, as minhas mãos a esfregarem a sua pele suave. As suas próprias mãos juntaram-se às minhas, enquanto a minha língua continuava a viagem de vaivém dentro da sua cada vez mais húmida ratinha, tocando de vez em quando ao de leve no seu clitóris…
- Oooh, bebé, meu bebé, por favor, continua, a tua língua é maravilhosa… – disse ela, quase a gritar.
Senti a minha própria vulva a ficar húmida. A minha mão largou o seio de Lucy para me começar a masturbar, mas foi detido por uma das daquela inglesa deliciosa.
- Não, amor, nas minhas mamas. – e ela fez-me agarrar o seu seio novamente.
Subitamente os seus movimentos aumentaram de velocidade. Senti-a a montar-me com mais rapidez, a sua mão a agarrar-me nos meus longos cabelos escuros, mantendo a minha cara encostada à sua vulva, e quase a gritar:
- Oooh, querida, gata, abre, por favor, vou-me… aaaah…
No instante a seguir, senti ainda mais humidade na minha boca, e mesmo assim não deixei de a penetrar com a minha língua: queria a vir-se na minha cara o máximo de tempo possível, queria prová-la, saboreá-la, devorá-la… e Lucy desejava o mesmo, desejava que eu continuasse, de tal forma que ela nunca me largou a cabeça.
Foi preciso alguns minutos para Lucy me soltar, tentando acalmar-se, enquanto eu me deixava cair na cama, sentindo algum cansaço nos músculos da língua. Ela deitou-se a meu lado, de lado tal como eu, sorrindo, reparando na minha cara cheia de humidade – a sua humidade.
- És tão bonita, gatinha… – sussurrou ela, afastando-me uma franja do cabelo para o lado. O seu dedo depois passou para o meu lábio, ainda cheio do seu sabor; ela depois retirou-o e chupou na ponta húmida.
Subitamente, a sua mão precipitou-se para debaixo dos lençóis, os seus dedos a tocarem-me no baixo-ventre e a serem-me colocados nos lábios, no clitóris – e o médio a entrar dentro de mim. Sobressaltei-me com a sua sofreguidão e não consegui reprimir um gritinho; instintivamente quis tirar-lhe a mão… mas detive-me ao sentir o efeito que os seus dedos estavam a ter em mim novamente. As minhas mãos voltaram ao corpo de Lucy enquanto eu sentia a sua mão a brincar comigo, a masturbar-me, a sua outra mão a agarrar-me no meu seio direito, a passar o polegar pelo meu mamilo e a brincar com o meu piercing. As minhas mãos abraçaram-na novamente e as nossas bocas juntaram-se; pude finalmente recordar o sabor dos seus lábios apetitosos, ao mesmo tempo que ela ainda podia saborear a sua própria humidade, ainda presente na minha cara.
- Por favor, vai… – comecei, mas tive de parar, o meu baixo-ventre estava a começar a dominar a minha cabeça – Lucy, vais mais devagar… por favor…
Ela olhou para mim, sorrindo com malícia.
- Não. – e aumentou a sua velocidade, metendo um terceiro dedo dentro de mim.
Perdi a cabeça. Agarrei-lhe a cabeça, o pescoço, apertei-lhe os lábios contra os meus o máximo que pude e a minha língua invadiu a sua boca, roçando na dela, no seu palato… em simultâneo, mexi a cintura para a frente e para trás, não me importando muito quando senti o polegar de Lucy a ser pressionado contra o meu ânus e a entrar ligeiramente. Estava completamente fora de controlo, tudo o que queria era sentir Lucy em mim… As minhas mãos viajaram pelo seu corpo, sentindo cada osso nas suas costas, tocando cada centímetro da sua pele, até chegar ao seu traseiro. Assim que os seus dedos voltaram a entrar em mim mais uma vez, dei uma bofetada nas suas nádegas, gritei e atingi o clímax…

Acordei ao som de música proveniente do meu telemóvel: era o meu despertador. Enquanto eu ficava um bocadinho na ronha, tentando acordar por completo, a minha mente recordou os eventos daquela noite. Aquele último orgasmo havia sido tão intenso, tão forte, que eu perdera noção de tudo, até havia perdido a consciência até aquela altura.
Quando voltei a olhar para as horas no telemóvel, vi que era altura de me despachar, para não perder o meu voo. Estendi os braços na direcção de Lucy… mas apenas encontrei o vazio: ela não estava ali, nem no quarto. Olhei para a outra mesinha de cabeceira, a que ficava do lado da cama onde ela se havia deitado, e vi um papel com algo lá escrito. Agarrei nela e descobri que, por baixo dela, estava uma corrente de prata, simples, para usar no tornozelo. Agarrei-a enquanto lia a mensagem:
Querida Ana,
Este último dia foi extraordinário – mal posso esperar para voltar a trabalhar contigo. Ou, se desejares, talvez possamos ter um encontro romântico, ou algo do género. Eu sei que és casada, mas… talvez o teu marido não se importe que nós nos encontremos de vez em quando e repitamos a noite passada.
Deixei-te um presente, como símbolo da minha paixão por ti. Comprei uma igual para mim, que neste momento está no meu tornozelo direito. Posso-te pedir para a usares e pensares em mim?
Com todo o meu amor,
Lucy

Não posso negar que soltei uma lágrima ou duas assim que acabei de ler o texto que ela escrevera. Recordei a sua cara, os seus olhos, a sua boca… ela era tão bonita. E só então me apercebi de como havia ficado vidrada naquela loira inglesa.
Coloquei a corrente no meu tornozelo esquerdo e a minha aliança de casamento – no mesmo local onde eu a deixara, por coincidência perto do local onde Lucy colocara a sua prenda – na mão esquerda e saí da cama, começando a preparar-me para regressar a Portugal.

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