segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Emprestado

 (história anterior)

A minha Dona tem uma Amiga. Uma amiga especial, que sempre A tem apoiado nos momentos difíceis. A Amiga não é muito dada a BDSM, só a umas brincadeiras light: a sua onda não é essa. Mas isso não significa que não goste de se divertir, conseguindo até vestir-se de forma bastante provocante e dando beijos a homens e mulheres. Apesar disso, ela tem uma relação estável (depois de ter saído de um relacionamento volátil que a desgastou). No seu aniversário, como prenda de anos, a minha Dona decidiu “emprestar-me” à Sua Amiga para lhe fazer uma massagem aos pés – algo que ela adora – mesmo sendo Ela tremendamente ciumenta e odiando a ideia de ver outras pessoas comigo… o que me colocou sob enorme pressão: se a minha Dona confiava nela o suficiente para me ceder durante algum tempo (mesmo sob a Sua supervisão), era sinal que aquela pessoa era extremamente importante para Ela. Por isso, eu tinha de fazer um trabalho bem feito.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

La Mère Noël

(história anterior)

Acordei sentado em cima de algo, com a cabeça a latejar, sentindo-a com um peso enorme e a boca a saber a papel de música. Agitei a cabeça, tentando sacudir os restos do torpor, resistindo à enxaqueca e tentando recordar-me do que acontecera antes. Lembrava-me que, depois de termos passado o dia de Natal com a minha família e de os meus pais terem ficado com o Miguel até ao dia de Ano Novo (avós babados e essas coisas todas), Ana havia-me levado a almoçar a um restaurante no Seixal e bebera mais que a conta… ou não? Havia detalhes que não estavam claros, até porque eu recordava-me de ter bebido dois copos de vinho tinto e já me ter sentido zonzo… Levantei a mão e tentei esfregar a cabeça, mas demorei algum tempo a perceber que tinha os pulsos amarrados atrás das costas. Foi preciso ainda mais tempo para descobrir que estava completamente nu, de tornozelos atados aos pés da cadeira, num local escuro e apenas iluminado por uma lâmpada que pendia do tecto – espaço que, cada vez mais, me parecia a “salinha de interrogatórios” da cave da nossa casa.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O despedimento (parte 2)

(continuação...)

 Saímos do restaurante já depois das 14h, ambas bem fartas de peixe. Depois de uma refeição daquelas, pensei que fôssemos dar um passeio para abater (ou então irmos para casa e fazermos algum “exercício físico”). Todavia, assim que me sentei no banco do pendura, Márcia colocou-me uma venda nos olhos.
- Amor, o que estás a fazer? – perguntei-lhe.
- A tua surpresa começa agora. E não quero que vejas para onde vamos.
Pensei em bombardeá-la com perguntas mas sabia que ela nunca responderia. Por isso deixei-me ir.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O despedimento (parte 1)


A porta da rua abriu-se, sinal de que Márcia havia chegado. Todavia, não consegui arranjar ânimo para me levantar, correr para ela e abraçá-la fortemente – algo de que eu estava desesperadamente necessitada, depois daquele dia de merda. Só de pensar nisso outra vez comecei a sentir mais lágrimas a aparecer… Fiz um esforço e compus-me, tentando disfarçar; no momento seguinte, Márcia aparecia-me à frente.
- Olá, querida!
- Olá, amor… – respondi, num murmúrio.
 O sorriso que lhe iluminava a cara desapareceu imediatamente, assim que ela reparou na minha cara tristonha e nas lágrimas que a inundavam. Logo a seguir, ela sentou-se a meu lado, com preocupação na cara.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Submissão eterna

Já não me recordava da última vez que conseguira descansar bem e sem interrupções. Desde algum tempo antes, não houve uma noite em que eu não tivesse pesadelos, daqueles que nos fazem acordar a meio da madrugada com suores frios e o coração a bater desenfreado no peito. 
Todas as noites o pesadelo começava da mesma forma: com uma ida a um cemitério. Eu deslocava-me até lá como um autómato, sem controlo sobre as minhas acções, e era atraído até um mausoléu decrépito, cuja porta se abria à minha chegada, convidando-me a entrar. Eu entrava e, logo a seguir, a porta fechava-se, selando-me dentro daquele túmulo. Havia um caixão lá dentro, que se abria e do qual saía uma mulher de cabelo negro e roxo, que então me olhava nos olhos e me fazia perder por completo a pouca força de vontade que ainda me restava. E, a partir daí, o que acontecia variava: ou ela me mordia no pescoço, banqueteando-se com o meu sangue, ou me mordia na garganta, quase me arrancando a traqueia, ou então fazia-me deitar ao lado da bancada onde o seu caixão estava e, com um cutelo, começava a desmembrar-me, espalhando sangue por toda a parte. E, sempre que eu acordava, parecia-me que o meu quarto estava envolvido por uma névoa esquisita. Todavia, sempre julguei que fosse uma ilusão de óptica causada pela falta das lentes de contacto.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O bacanal

Sentia um misto de excitação e nervos à medida que íamos avançando por aquele corredor, à medida que chegávamos à sala onde tudo se iria passar. A falta de roupa também ajudava à tremideira que invadia o meu corpo: trazia vestido no meu corpo unicamente uma tanguinha de fio dental… para além de sapatos de salto alto pretos, a minha habitual gargantilha negra com uma cruz de prata e a máscara obrigatória para aqueles eventos: a minha era inspirada nas caraças dos Carnavais venezianas. A meu lado, Pedro segurava-me pela mão, gentilmente: ele estava vestido formalmente, de fato de gala e laço pretos. Trazia uma capa sobre os ombros, de capuz caído sobre a cabeça de cara coberta pela sua máscara, semelhante à minha.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Escravas em celas (parte 2)

continuação...

Um par de horas mais tarde (penso eu), ouvi uma porta a ser fechada. Abri os olhos e vi Andreia a aproximar-se das nossas celas, com duas taças de metal nas mãos. Ela colocou-as no chão, abriu a porta da minha cela e entrou, colocando-me as taças perto de mim.
- Vá ver, come. – disse ela, saindo e, aparentemente, indo buscar as taças para Ellen. Aproximei-me das minhas e olhei para lá. Água e, aparentemente, comida para chão… sempre o mesmo cliché.
- Porra, por uma vez podiam dar-me algo diferente… – resmunguei. Quando levantei o meu olhar, vi Andreia e Ellen a olharem para mim. Ellen estava chocada, enquanto a minha irmã estava desagradada.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Escravas em celas (parte 1)

(história anterior)

- Glasgow, hein? – perguntou Andreia.
- Sim… o Desportivo vai lá jogar amanhã para a Liga dos Campeões. – respondi, colocando mais roupa dentro a mala de viagem.
Como de costume, quando a equipa de Carlos ia jogar fora de casa, eu acompanhava-o, na condição de “mulher de futebolista” – políticas do clube (mesmo sendo o meu homem o treinador da equipa); a única altura que as mulheres e namoradas não podiam acompanhar os seus respectivos era durante o estágio de pré-temporada. E como, tal como dissera à minha irmã, íamos até à Escócia para defrontar o Glasgow Rangers, era perfeitamente lógico que eu também os acompanhasse. E, para além disso, Tommy – a minha agente – não entrava em contacto comigo a respeito de novos trabalhos havia meses, portanto eu tinha imenso tempo livre…

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O antídoto

Joana fora uma mulher que praticamente teve o mundo a seus pés. Uma designer de roupa de renome, que trabalhava com diversas casas de moda, estava também de casamento marcado com um rapaz deslumbrante, modelo de um dos seus empregadores. Todavia, desde aquele malfadado dia em que fora raptada, a sua vida nunca mais fora a mesma. Ela deu por si enfiada numa cela exígua de paredes nuas de cimento, obrigada a dormir num enxergão de palha fedorento e a suportar as torturas mais humilhantes às mãos de uma mulher impiedosa; o seu amor-próprio, existente até em demasia, não demorou a desaparecer, sendo substituído por um sentimento de impotência, de desânimo. Passaram-se meses até ela ser transferida para outra área daquela prisão, mas nem mesmo aí as coisas melhoraram. Ela passou a ter de vestir uma farda de látex de empregada e a responder por “Empregada Dezasseis”, uma criada no meio de um staff (ou seria mais harém?) de pessoas que estavam sob o comando de Lady Jewel, a megera que a havia raptado, passando a ser obrigada a desempenhar tarefas domésticas (algo de novo para ela, sempre habituada a ter ela própria empregados) e a ser envolvida nas suas fantasias sexuais sempre que a dona da casa o exigisse. Mas o pior era os fins-de-semana, quando Lady Jewel convidava amigos para casa e estes utilizavam as criadas em jogos sexuais. Incontáveis vezes ela fora abusada e violada, tivera de dar prazer sexual a homens e mulheres ao mesmo tempo; à noite, por mais que ela lavasse a boca ou bochechasse com elixir, o sabor a sexo e a fluidos não desaparecia. As noites eram passadas acorrentada à cama, num pranto incessante de quem perdeu a esperança de voltar a ser livre. Com o tempo, a sua anterior vida passou a ser uma memória distante, até que essas mesmas memórias se acabaram por desvanecer.

domingo, 17 de agosto de 2014

O touro

(história anterior)

Depois de tantos meses em que, praticamente, Lady Katarinne não me deixou sair da cama, a minha Dona começou a soltar-me mais vezes. Aceitei o meu lugar enquanto serva e puta da Senhora mais linda e mais perfeita do Mundo, e não posso sentir-me arrependida da minha escolha. Até já interiorizei dentro de mim mesma que deixei de ser homem, abraçando o estatuto de uma mulher – mas uma mulher de calibre muito inferior que o da minha Dona.
Como já disse, a minha Senhora solta-me mais vezes para que eu possa tratar da lida da casa. E se, às primeiras vezes, tive algumas dificuldades em fazer as coisas como deve ser – o que causou, não poucas vezes, a ira de Lady Katarinne – hoje em dia creio não ser uma má criada. Já tive direito a um uniforme, que agora uso com orgulho – especialmente por me ter sido vestido por Ela: uma farda de empregada, preta e branca, bem justinha ao corpo, umas luvas de cabedal, curtas, brancas, um cinto de ligas também preto, rendado, que segurava as minhas meias de rede escuras, com um par de sapatos pretos de salto-agulha, extremamente altos; no cabelo (que, ultimamente, por vontade dela, era cor-de-rosa, assim como as sobrancelhas, pestanas e pelos púbicos), tinha uma bandolete. E depois, claro, tinha a coleira à volta do pescoço, as tiras de cabedal à volta dos pulsos e dos tornozelos, a mordaça na boca (que, por vezes, me é retirada) e os sempre presentes cinto de castidade no meu clitóris e plug no meu rabinho. Acabei por me acostumar a toda esta parafernália de objectos controladores, esperando que, um dia, Ela veja que Lhe obedeço inquestionavelmente e com prazer. Por falar em prazer, continuo com a regra dos cinquenta orgasmos – no momento em que escrevo estas linhas, falta-me provocar quinze à Senhora para ter direito ao meu orgasmo.
Ela continuava a ter os Seus encontros sexuais, com Ela a prender-me à cama depois dos mesmos, para me contar as Suas aventuras, para me provocar e para que eu A limpe do sémen dos homens com quem Ela faz amor – e, também, para que eu A faça atingir mais um orgasmo. Só muito recentemente é que a Senhora me envolveu neles...

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Punição com as próprias ferramentas

 
Abanei a cabeça. As pestanas estavam a ficar cada vez mais pesadas. Já passava bastante das 23h mas queria ver se conseguia acabar aquele chicote antes de me ir deitar. Reprimindo mais um bocejo, acabei por ir buscar mais uma tira de cabedal.
Para todos aqueles que não saibam, construo utensílios para práticas BDSM. Numa altura em que não era fácil arranjar-se utensílios para as práticas de que gostava, comecei eu mesma a fazê-los. E o que é certo é que, melhor ou pior, comecei a ser conhecida pelas coisas que fazia, pelas chibatas, chicotes, paddles, cordas, jaulas e o mais. Com o tempo, passei a dedicar-me à revenda de artigos de BDSM, não só daquilo que fazia. Vibradores, dildos, mordaças, algemas, correntes, cintos de castidade, vestidos provocantes… todavia, apesar disso, continuava a fazer as minhas coisas, a criar artigos mais fora do vulgar – a última ideia que eu havia acabado havia sido uma paddle a imitar a sola de uma bota. E recebia encomendas de outras pessoas para qualquer espécie de artigos. Por isso é que eu ainda estava a pé àquela hora: tinha recebido uma encomenda para um bullwhip personalizado e eu estava um bocadinho atrasada.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O casal submisso

O meu nome é Pedro. Durante anos, tive a ambição de ser submisso de uma Dominadora 24/7, de viver com Ela, ser o Seu submisso, a Sua puta e de sentir os Seus carinhos se os viesse a merecer. Todavia, consoante os anos se foram passando, fui apanhando desilusão após desilusão, pois não consegui encontrar uma Dona que fosse a adequada para mim – ou ao contrário. Todavia, comecei a namorar com uma rapariga, de seu nome Sandra, e acabámos por gostar muito um do outro, de tal forma que acabámos por nos casar. Só que a vida tem destas coisas: quando lhe falei de BDSM e dos meus desejos, ela ficou com ar desalentado e confessou-me que tinha o mesmo sonho… estando ela no papel de submissa. Ainda tentámos ver se um de nós se conseguiria adaptar aos desejos do outro, mas pura e simplesmente não funcionava. Só que ambos nos amávamos imenso, não queríamos perder isso… Depois de algum tempo e algumas conversas, acabámos por nos decidir a procurar uma Dominadora que aceitasse um casal de submissos. Um dia, encontrámos Lady Styx, uma Domme que, à primeira vista, parecia ter perfil para que tanto eu como Sandra A servíssemos. Depois de um café, apresentámo-nos e descrevemo-nos, enquanto Lady Styx nos ia avaliando; depois, Ela também falou e disse-nos o que esperava dos Seus submissos. Acabámos por combinar uma sessão para o fim-de-semana seguinte, para ver como as coisas corriam. Eu e Sandra ficámos surpresos quando descobrimos que Lady Styx era uma shemale, mas as coisas acabaram por correr bastante bem naquele fim-de-semana. No fim-de-semana seguinte recebemos as nossas coleiras – e os nossos cintos de castidade.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Bilíngue, bissexual

(história anterior)

Nunca pensei que a chegada de um jogador turco, de seu nome Fatih, ao plantel do Desportivo causasse uma espécie de guerra civil. Todavia, quando na equipa tens um jogador português com origens gregas (e bastante orgulho nelas!), Jonas, o resultado final é uma espécie de Inferno. Quando dás por ela, tens uma “explosão” em pleno treino, com ambos os jogadores a atirarem-se um ao outro. 
Durante a pré-época, que, tal como nos anos anteriores, consistiu em duas semanas em Castro Verde, tive, mais uma vez, de puxar dos galões de “General”, fazer cara feia, andar aos berros e andar a mandar vir com ambos os jogadores, o que acabou por originar uma atmosfera tremendamente tensa, apesar dos esforços do resto da malta em tentar aliviar o ambiente. E as coisas não melhoraram quando regressámos ao Seixal, enquanto jogávamos alguns particulares de preparação para a nova temporada… e não importava o quanto eu berrasse com eles, quantas vezes eu os enviasse mais cedo para o duche: no dia seguinte, a cena repetia-se sempre.

sábado, 21 de junho de 2014

As férias do Senhor

(história anterior)

Ouvi algo a ser aberto por cima de mim, e a súbita explosão de luz cegou-me durante alguns instantes.
- Chegámos, querida.
Pisquei os olhos, tentando ajustá-los à claridade, e fui olhando para o meu Senhor, enquanto esfregava a minha face na mão que tinha poisada no meu ombro, soltando gemidos suaves; de seguida, Ele ajudou-me a sair de dentro da mala. O meu corpo doía-me de tantas cãibras, depois de ter estado dentro de um sítio tão exíguo durante horas a fio, nem sabia quantas – desde que havíamos saído de casa – e depois de ter viajado na bagageira do Seu jipe, dentro daquela mala, juntamente com a Sua bagagem. Quando me consegui esticar o melhor possível – apesar das amarras que ainda prendiam o meu corpo, o meu Dono começou a massajar-me os músculos, dando-lhes de quando em vez um ligeiro beijinho. Chupei um pouco de água pelo tubo que tinha na minha mordaça, depois olhei para Ele, apaixonadamente, enquanto Ele me massajava as pernas, abrindo as algemas que tinha nos tornozelos.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Uma noite de sexo

(história anterior)

- De joelhos.
De bom grado obedeci a Andreia. Afinal de contas, umas semanas antes eu não tinha grandes prognósticos de estar viva, por causa do meu súbito problema no fígado. Todavia, acabei por vencer as probabilidades baixas de sobrevivência que me tinham dado e acabei por superar o transplante. Mas o período de convalescença foi longo e, por causa disso, eu e Carlos não tivemos grande vontade nem tempo para as nossas noites de sexo e fantasias: a época futebolística estava a terminar, com muitos troféus ainda em disputa, e o Desportivo estava na luta para os ganhar todos novamente; por causa da minha recuperação, tive de estar algum tempo quieta, a descansar, o que me obrigou a cancelar muitas sessões fotográficas que tinha agendadas; e Andreia estava entretida a transformar a sua namorada lésbica, Ellen, numa cabra submissa. Então, quase três meses depois da minha operação, ambas as raparigas apareceram em nossa casa e foi o regresso ao passado, comigo a ajoelhar-me defronte da minha irmã e do meu marido. Desta vez, todavia, eu não estava sozinha: Ellen estava a meu lado, ajoelhando também, com uma coleira idêntica à minha em redor do pescoço. Ambas olhávamos para o chão, com os nossos pulsos atados atrás das costas e cada uma com um plug enfiado no nosso rabo. A única coisa que vestíamos era um par de sapatos pretos de salto alto e umas tanguinhas justas. Não tínhamos nada na boca, mas mesmo assim permanecíamos caladas.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Selfies

(história anterior)

Vi-me feliz por estar na minha casa, de regresso a Portugal. A aventura por terrenos catalães finalmente havia acabado, dois anos após o seu início. Estes últimos meses haviam sido agonizantes, apesar de termos estado na luta pelo campeonato até à última jornada. Sentia-me a mais em Barcelona, demasiadamente questionado pela imprensa afecta ao clube, vendo constantemente as minhas opções a serem questionadas. Assim, e na segunda-feira após termos perdido o campeonato para o Atlético Madrid, convocámos uma conferência de imprensa, eu e a direcção, onde anunciámos que eu não iria renovar contrato com o Barcelona, saindo dos culés apenas com um campeonato ganho em duas épocas. Nesse mesmo dia, eu e a Ana enchemos os nossos bólides mais rápidos com algumas coisas essenciais que nos fizessem falta e partimos rumo à Verdizela, à nossa casinha, numa corrida entre nós para ver quem chegaria mais depressa – acabei por ganhar eu. Para além disso, depois de termos chegado e descarregado a nossa tralha, dei um pulinho até ao Seixal e falei com a direcção do Desportivo – eles já me haviam manifestado interesse em que eu lá voltasse, depois de uma época de seca em termos de títulos. Assinei contrato com eles no mesmo dia em que saí de Barcelona.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Traída (parte 3)

continuação...

Algum tempo depois, voltei a ouvir a porta abrir-se, e deu-me a impressão que havia entrado um grupo de pessoas, pelo menos julgando pelos passos.
- Ola, olá, Vanessa! – ouvi a voz da Enfermeira-Chefe N – Bom, minha querida, do relatório que a minha colega  fez a teu respeito, e das análises que efectuámos aos teus fluidos corporais, posso afirmar que és um espécime perfeito para o nosso trabalho. O que, claro está, significa que vais ficar aqui connosco.
Ouvi-a e ao resto das pessoas que ali estavam rir-se – parecia-me que eram mais duas pessoas – enquanto os meus piores receios eram confirmados.

sábado, 26 de abril de 2014

Traída (parte 2)

continuação...

Com a sua superiora fora da divisão, a Enfermeira R aproximou-se de mim, ainda com o seu olhar impiedoso. Os seus lábios encarnados, apertados por trás da camada de látex que lhe cobria a cabeça, estavam retorcidos num esgar.
- Por favor, Enfermeira R… tenha piedade, por favor… eu… eu sou sensível, sou fraca… – gaguejei.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Traída (parte 1)

Olhei em volta. Segundo as instruções de Salima, aquele era o local que ela me havia falado, mas apenas parecia um edifício abandonado, de paredes grafitadas, vidros partidos, tão abandonado e decrépito como a zona onde eu estava… voltei a confirmar o endereço que ela me havia dado: estava correcto. Estava no sítio certo.
Encolhendo os ombros, encaminhei-me para a entrada principal do edifício. Aquilo estava tudo cheio de cacos no chão, cascalho e sei lá mais o quê… aquilo realmente parecia abandonado.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Demasiado tempo na Internet

(história anterior)

“ola bonita”
Sorri ao ler a mensagem de Sanjeev. Rapidamente os meus dedos teclaram um “olá, querido”. Então, a minha atenção regressou à minha quinta online.
Sim, eu estava viciada no Farmville. Era uma boa maneira de passar o tempo depois do trabalho, enquanto eu aguardava que Márcia chegasse do seu emprego. Achava divertido tomar conta daquela quinta virtual enquanto interagia com outra malta, de outros continentes, pessoas de quem eu nunca havia antes ouvido falar. Com o tempo, comecei a falar com alguns dos meus “vizinhos” a respeito de coisas corriqueiras, do dia-a-dia. Um deles chamou-me a atenção, principalmente porque a primeira coisa que me disse foi “és bonita” – sim, eu fraquejo sempre que me elogiam. O seu nome era Sanjeev Sidhu e era da India. Ele trabalhava como fotógrafo, e mais de uma vez ele dissera que gostava de se encontrar comigo e fazer uma sessão fotográfica comigo. Fiquei lisonjeada (quem não ficaria?) mas, mais de uma vez, eu lhe falei da minha relação com Márcia – e, claro está, mencionei a disposição azeda da minha marida em relação a mim e outras pessoas. Obviamente, ele nunca me levou a sério.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Apanhada sozinha

(história anterior)

Estava completamente sozinha em casa. Márcia havia ligado antes de jantar, avisando que ia fazer horas extra e não sabia a que horas iria chegar a casa. Assim, fui até à cozinha e aqueci qualquer coisa no micro-ondas. Lá fora estava a chover copiosamente, um tempo tenebroso. Sentei-me no sofá a ver o que passava na TV, mas a tentar não adormecer.
Então uma ideia atravessou-me a mente. Eu estava sozinha em casa, era ainda demasiado cedo para me ir deitar… porque não divertir-me um bocadinho a solo? Sabia que Márcia, se descobrisse, ficaria chateada… mas eu estava tão aborrecida, tão entediada – e talvez esperasse que ela, de facto, me descobrisse – que acabei por subir os degraus para o quarto.

quarta-feira, 12 de março de 2014

A menina dos papás

Antes de mais, quero deixar aqui duas ressalvas. A primeira é que sou maior de idade. Não sou nenhuma pita com carências afectivas, nem nenhuma dondoca que foi abusada durante a infância ou com “daddy issues”. Sou maior e vacinada, capaz de pensar pela minha cabeça e que gosta do que faz. A segunda é que as pessoas com quem vivo, apesar de os tratar como família, não possuem qualquer tipo de laços de sangue comigo. Eles são casados, têm os seus filhos criados e a viverem com as suas famílias, e aceitaram-me na sua vida para ser a sua “filhota” substituta. E eu sempre tive desejos húmidos de ser abusada por pessoas mais velhas que eu. É uma fantasia minha, da mesma forma que há homens que adoram vestir-se de mulher ou verem as esposas serem fodidas por outros gajos. Por isso, agradeço que enfiem os vossos julgamentos prévios no cu.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Rosa

Naquela tarde, o Sol estava realmente forte na praia. Eu sentia o suor a escorrer-me por todo o corpo, e, apesar de já estar bastante bronzeado, ainda tinha algum receio de me queimar. Dei uma volta em cima da toalha, pensando que devia dar um mergulho… mas ao mesmo tempo estava com uma preguiça tremenda. Assim, acabei por me deixar ficar deitado, passando pelas brasas, até que me fartei: levantei-me, espreguiçando-me descaradamente – sem me importar com as pessoas que me rodeavam – e fui caminhando até à borda da água, sentindo a areia quente a queimar-me os pés. Então, fechando os olhos, dei uma corrida e atirei-me para dentro de água.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Recapturada

Os elementos estavam à solta naquela noite: o vento soprava furiosamente com rajadas fortes e as bátegas de chuva precipitavam-se sumo às janelas do hospital psiquiátrico; todavia, dentro das instalações, o silêncio reinava. O corredor principal estava vazio, para além de pouco iluminado. Apenas um ou outro carrinho podiam ser avistados.
Então, dois médicos surgiram por uma porta e começaram a percorrer o corredor, lentamente, dando uma última ronda antes de irem para casa e deixarem o edifício entregue unicamente ao segurança. Verificando se os pacientes dentro dos quartos estavam adormecidos, chegaram ao compartimento onde estava a recém-chegada, e suspiraram. Ela ainda estava acordada, de joelhos, aparentemente gritando apesar da mordaça que tinha na boca. Os médicos olharam pelo vidro reforçado.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O casamento (parte 2)


É estranho, mas a chegada da manhã fez-me entrar num estado tal que não me recordo dos detalhes de preparação do casamento, o vestir o vestido, o arranjar o cabelo, a maquilhagem… Era como se estivesse sob o efeito de qualquer substância, silenciosa, cooperativa ao máximo, quase como uma marioneta…
Acho que “acordei” apenas quando o fotógrafo saiu do quarto. Dei por mim a pensar “está quase… só mais um par de horas” e sentei-me na cama, tentando acalmar-me, enquanto sentia o coração a bater que nem doido.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O casamento (parte 1)

- Andrea, não devias ter lá ido! – gritou Márcia – É pedir-te demasiado que te comportes como deve ser?!
- Amor, já te pedi desculpa. – respondi, de voz embargada – É que… é que simplesmente aconteceu.
- “Simplesmente aconteceu”… como raio é que tu “simplesmente” beijas um gajo?
Baixei os olhos. Sabia que ela estava certa, mas isso não me fazia sentir melhor. Eu havia-a traído, apesar de ter sido apenas um beijo. Claro que Márcia iria dizer “nunca é apenas um beijo!”… e dei por mim a achar que ela tinha razão.
Eu nem sabia porque tinha saído sem a minha namorada. Ela teve de ficar a dormir naquela noite, e eu podia ter ficado a descansar com ela, mas estava com tanta vontade de sair e divertir-me que desafiei alguns amigos a irmos a uma discoteca não muito longe de Corroios. Assim que falei nisso à Márcia, reparei que ela ficou chateada, mas tentou escondê-lo de mim… mesmo assim fui lá, bebi demais e acabei a dançar com um gajo qualquer, a roçar-me nele, e, eventualmente, a dar-lhe um enorme linguado, até que os meus amigos repararam que eu não estava nos meus melhores dias e me levaram até casa.
- Tens razão, Márcia. – disse, com uma lágrima a escorrer-me à cara abaixo – Eu… eu não sei o que me passou pela cabeça, eu… eu estava bêbada, fui estúpida…
- Pois foste. – ela interrompeu-me.
- Mas eu prometo-te, amor… não volta a acontecer.
- Tens toda a razão. Não vai voltar a acontecer.
Levantei o meu olhar para a encarar. O seu tom de voz tinha sido estranho.
- O que queres dizer?
Ela agarrou-me pelo antebraço com força, de tal forma que senti os seus dedos a enterrarem-se na minha carne; depois, arrastou-me para o nosso quarto e atirou-me para cima da cama.
- Porque, agora, minha namoradinha, eu vou-te violar; e, no deste sábado a oito, vais-te casar comigo.
O meu coração pareceu parar.
- Casar…?

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Sonhos

(história anterior)

Abri os olhos, respirei fundo e espreguicei-me. Aquele sonho ainda me estava bem vivo na memória, e relembrar todos os seus detalhes acordou a minha ratinha, o que me fez levar a mão lá para a tentar acalmar. Foi então que os meus dedos sentiram uma ligeira humidade nos lençóis, na zona onde o meu baixo-ventre havia estado encostado, e senti-me corar.