domingo, 13 de outubro de 2013

O treino (parte 6)

continuação...

Depois da limpeza dos pratos, Seis pegou em mim e levou-me a conhecer o resto da mansão – ou, pelo menos, das áreas onde a nossa permanência era autorizada. Fiquei assim a saber que aquela casa era absolutamente gigantesca! Dir-se-ia que “palácio” era uma designação mais apropriada. À medida que fui andando pela casa, a minha companheira apresentou-me às minhas restantes colegas. No total éramos 31, entre mulheres e homens feminizados, divididos em grupos de dimensão variável. Numa semana um grupo estava afecto à limpeza da casa, outro às tarefas da cozinha, outro à lavagem da roupa de Lady Jewel – e ainda havia uma empregada com o papel de ser a criada pessoal da nossa dona. Na semana seguinte, havia rotação de tarefas. Todos os dias, acordávamos, comíamos qualquer coisa e tomávamos conta das nossas tarefas, apenas parando para o almoço; à tarde, retomávamos os nossos afazeres – com excepção de um grupo, chamado ao quarto de Lady Jewel para a servir nas suas fantasias sexuais; e, depois de jantar, dois dias por semana, enquanto as encarregadas da cozinha tratavam da lavagem da roupa, as restantes teriam de ir para o salão principal, onde Lady Jewel e alguns amigos as esperavam para se deliciarem com as empregadas. Confesso que fiquei estarrecida quando Seis me falou neste último ponto: ela referia-se a orgias! Apesar de tudo, naquele momento senti-me aliviada, pois, afinal de contas, Lady Jewel havia-me deixado na cozinha, o que, aparentemente, indiciava que eu estaria de serviço lá durante a semana. Ou assim pensava eu…


Depois de uma árdua labuta na cozinha, o jantar finalmente ficou pronto, sendo servido na sala de jantar da mansão, uma divisão comprida com uma mesa enorme, com umas vinte cadeiras a rodeá-la. Aí, eu, em conjunto com mais quatro colegas, servi Lady Jewel e alguns convidados, homens e mulheres. De seguida retirámo-nos todas para a cozinha, onde as criadas podiam tomar a sua refeição – logicamente, a dona da casa não comia na mesma mesa dos empregados. Muito depois de termos acabado de jantar e de estarmos quase a acabar de lavar a loiça que havíamos usado, ouvimos um toque de campainha: os convidados haviam acabado de jantar. O mesmo grupo que os serviu foi recolher os pratos. Quando eu peguei no prato sujo de Lady Jewel, ela agarrou-me na mão.
- Deixa isso e ajoelha-te no chão. – ordenou-me ela.
- Mas, senhora, – comecei – eu tenho de…
- Tens de me obedecer, isso mesmo. – interrompeu-me ela – Ajoelha-te.
- Sim, senhora. – aquiesci.
Assim que caí de joelhos no chão (e ainda sentindo o quão martirizados estavam depois das agonias a que haviam sido submetidos nos dias anteriores), a mão de Lady Jewel agarrou-me no cabelo, mantendo-me quieta enquanto me prendia uma trela à coleira; de seguida, fez-me passar por debaixo da mesa, ficando de frente para as suas pernas abertas. Naquela noite, a nossa captora envergava um vestido vermelho, de gala, até aos pés cobertos por uns sapatos de tacão alto. A sua mão livre puxou o vestido para cima, revelando as suas pernas, tapadas por meias de nylon opacas e presas a um cinto de ligas também encarnado, e o seu fio dental da mesma cor; a sua outra mão continuava a agarrar-me no cabelo, forçando-me a aproximar dela e das suas pernas entreabertas.
- Puxa-me as cuecas para baixo e lambe-me a rata, puta. Se ainda não sabes, ficas a saber que esta é a minha sobremesa favorita.
Ouvi um coro de risos proveniente daquela gente toda. Engolindo em seco, as minhas mãos agarraram nos elásticos da peça de lingerie e puxaram-na para baixo, revelando a sua vulva rosada. Lady Jewel chegou-se à frente, ficando sentada na beirinha da cadeira, e abriu ainda mais as pernas.
Não esperei que me dissesse mais nada, com medo de sofrer alguma represália: avancei e beijei-lhe os lábios inferiores. Ouvi-a suspirar, mas nem mesmo assim me largou os cabelos; pior ainda, ela fechou as pernas em redor da minha cabeça, colocando os seus pés nas minhas costas – e apertando-me um pouco a cabeça. Debati-me um bocado, mas ainda assim continuei a lamber-lhe os lábios vaginais, introduzindo-lhe a língua na rata o mais para dentro que consegui. Ouvia, por cima de mim, chávenas de café a serem colocadas, como se nada se passasse, como se eu não estivesse a lamber o sexo à dona da casa. Deduzi que aquele tipo de coisas fosse trivial…
- Esta noite, puta, como parte da tua iniciação, – disse-me Lady Jewel entre dois gemidos – vais ter de dar uma geral à mesa.
Quase me engasguei quando a ouvi. Ela queria que eu desse prazer oral àquela gente toda?! Senti um tacão seu a enterrar-se na minha nádega:
- Mas primeiro tens de me levar ao céu! E depressinha, caralho! – continuou ela.
Sem mais alternativa, continuei a lamber a rata daquela mulher, tentando não pensar no que se iria seguir. Ouvi-a gemer, esfregando as suas partes baixas na minha cara. Confesso que já me começava a sentir algo cansada de a lamber e de a penetrar, mas não tinha outra alternativa senão continuar… até receber o seu orgasmo na minha boca. Lady Jewel fez-me chupar-lhe os fluidos por completo, fazendo-me engolir a sua essência. Assim que se sentiu satisfeita, levei uma ligeira bofetada na cara.
- Agora limpa-te, ajeita-me e passa ao seguinte.
Tentando fazer-me forte, passei as mãos enluvadas pela boca, removendo os últimos vestígios de fluidos; assim que voltei a compor a lingerie de Lady Jewell, senti um puxão na minha trela em direcção a outro par de pernas, estas de homem. Fechando os olhos, fazendo uma prece silenciosa e tentando abstrair-me do que estava a fazer, agarrei na breguilha das suas calças e abri-a, surgindo pela abertura um pénis já algo duro - e pequeno. Pensei comigo mesma que aquela pessoa não devia saber o que era depilação, pois o “matagal” que acompanhava o seu órgão era hirsuto – quase me provocando um arrepio de nojo. Agarrei na sua pila e comecei a masturbá-la, deixando cair alguma saliva na sua ponta. Depois disso, acabei por o engolir de uma vez, começando a lamber-lhe a glande. Senti-o crescer dentro da minha boca. Tirei-o, com a minha língua a deixar um rasto de baba pelo seu órgão à medida que o ia fazendo sair de dentro de mim, para de seguida lhe beijar os testículos, enquanto a minha mão envolta em borracha o masturbava.
- Foda-se, Lady Jewel, esta rapariga é boa! – ouvi uma voz forte a vir de cima de mim.
Ao meu lado, vi que Lady Jewel se estava a levantar. Ouvia muitas vozes em amena conversa, e então senti novamente uma mão a agarrar-me no cabelo. Engolindo em seco, parei com os meus beijos e voltei a acolher a sua pila na minha boca, ouvindo-o arfar e gemer, continuando a lutar para ser forte e aguentar tudo aquilo sem vacilar ou hesitar. Quase fui apanhada de surpresa quando, instantes depois, algo molhado embateu-me no céu-da-boca, com um grito dele; foi então que a minha boca se começou a encher com o seu sémen, que fui engolindo na medida do possível, lutando contra a vontade do meu estômago em vomitar aqueles fluidos.
- Epah, dá até vontade de ficar com ela aqui o resto da noite! – ouvi-o dizer, suspirando.
- Vá ver, não sejas garganeiro e deixa os outros gozarem também. – disse outra voz masculina ao seu lado.
Ouvi risos, e a minha trela mudou de mãos enquanto eu voltava a ajeitar as calças daquele homem. Fui então puxada para entre mais duas pernas; agarrei nas calças para as desabotoar, deparando-me com uns boxers pretos. Baixei-os, ficando a olhar para mais um pénis, com menos pelos e maior que o anterior – e aparentemente mais jovem. Comecei por fazer o mesmo que o anterior, masturbá-lo até o enrijecer ainda mais e ensopá-lo na minha saliva, para depois o abocanhar por completo; quando o fiz, ouvi-o suspirar:
- Ai… Porra, esta realmente é boa!
Ele foi crescendo dentro da minha boca sempre sob o meu controlo. Não queria prolongar aquilo mais do que o necessário, pois sentia-me humilhada o suficiente para chorar durante uma noite inteira; todavia, aquele rapaz tinha outra ideia, pois por mais do que uma vez me fez parar de o chupar, agarrando-me na cabeça com alguma suavidade.
- Tem calma, sua piranha… quero disfrutar este momento. – disse ele, rindo-se.
Não consegui prevenir que uma lágrima me corresse à cara abaixo. Eu queria sair dali o mais depressa possível, queria que aquele pesadelo acabasse de uma vez! E aquele gajo queria que eu perdesse tempo! Assim que pude voltar a chupá-lo, fi-lo entrar com tanta velocidade que o fiz gemer, e, de seguida, estava a fazer movimentos rotativos com a minha boca enquanto o chupava, passando a pontinha da minha língua pelo buraquinho da sua pila, sentindo-o tremer quando o fiz. Ele tentou-me afastar novamente mas já não foi a tempo: com um grunhido, começou a vir-se na minha boca, enchendo-me mais uma vez a boca de sémen. Procurei acolher todos os seus fluidos dentro da minha boca enquanto a minha mão continuava a bater-lhe uma, procurando não lhe sujar a roupa. Fechei os olhos com força, pois sentia que estava quase a rebentar em pranto. A mão daquela pessoa pousou na minha cabeça e, para minha surpresa, começou a acariciar-me, a fazer-me festas. Depois da indiferença com que havia sido tratada pelo anterior, aquele toque foi bom, confesso.
Depois do final do seu orgasmo, engoli os restos de sémen que ainda tinha na boca e, involuntariamente, dei um beijo na sua glande antes de lhe voltar a ajustar a roupa. Comecei-me a gatinhar em direcção do par de pernas seguinte; todavia, senti um puxão na minha trela para fora da mesa. Do outro lado, estava a mão que me havia agarrado e acariciado, podendo vislumbrar a cara daquela pessoa: tratava-se de um rapaz de cerca de trinta anos, de cabelo forte e acastanhado, olhar prazenteiro e um sorriso estampado na cara. Pareceu procurar algo em mim; depois o seu olhar fixou-se na minha bandolete.
- 19, hein? – disse, enigmaticamente. Tinha uma voz ligeiramente grave. – Interessante.
Depois disso, passou a ponta da minha trela para a pessoa que estava ao seu lado, e fui imediatamente puxada rumo ao seu baixo-ventre. As meias rendadas e os sapatos de verniz de salto alto denunciaram logo que se tratava de uma mulher. Algures na sala, comecei a ouvir chibatadas, gritos de dor e a voz de Lady Jewel a mandar vir com alguém. Foquei-me então na pessoa que tinha à frente: envergava uma mini-saia preta e bem curta, que nem chegava a tapar as ligas das meias. Levantei aquela saia para constatar que a mulher não trazia cuecas! Mais ainda: conseguia vislumbrar algo a brilhar na zona do seu ânus. Não consegui evitar-me de lá ir tocar, sentindo que ela tinha algo duro enfiado no cu… e recebi logo uma chapada nas mãos.
- Epah, não é para tocares, cabra! Lambe, mas é! – ouvi uma voz dura, de mulher, a vir de cima.
- Desculpe, senhora. – respondi, recolhendo o braço.
Quando olhei em pormenor para a sua rata, não consegui conter um suspiro: a sua rata parecia uma almofada de alfinetes, de tantos piercings que tinha. Era também possível vislumbrar algumas tatuagens nas pernas, apesar do meu cérebro não ter tido tempo de as registar, pois no instante a seguir já estava de cara enterrada naquele baixo-ventre. Lutando contra todo aquele metal, comecei a lamber os lábios da rata dela, de mãos entrelaçadas atrás das costas. Ela acabou por abrir mais as pernas, colocando os saltos dos sapatos em cima da cadeira e puxando-me (arrastando-me seria o termo mais correcto) na sua direcção. Podia agora ter uma ampla visão da mulher a quem agora tinha de dar prazer, reparando que tinha cabelo com madeixas encarnadas, um top preto muito justo com os seios quase à mostra… e a cara com mais piercings. E foi tudo o que pude registar, antes de, mais uma vez, ter uma mão no meu cabelo a forçar-me a lamber-lhe a rata.
Comecei por soprar algum vento na direcção da sua rosinha, para depois lhe percorrer toda a extensão dos lábios com beijos. De seguida, comecei a brincar com cada uma das argolas que ela tinha naquela zona, movendo-as com a ponta da minha língua de um lado para o outro, para depois lhe beijar a rata toda e enfiar a língua no seu orifício. Podia ser minha imaginação, mas aquela vulva não estava tão bem tratada como a de Lady Jewel: pelo menos, parecia ter um cheiro mais agreste. Fazendo das tripas coração, continuei com aquela tarefa, sentindo já uma dor tremenda nos maxilares de tanta ginástica feita – e olhando para o resto da mesa, ainda tinha muito que dar à língua. Lambi lábios, lambi rosinha, lambi argolas, lambi tudo o que pude, ouvindo alguns suspiros vindos dela. Senti uma mão estranha a apalpar-me o rabo, com força, sentindo todos os cinco dedos a enterrarem-se na minha carne ainda magoada, libertando-me algumas lágrimas pela cara abaixo.
- Belo cu! – ouvi uma voz masculina.
Contive-me o mais que pude, tentando não desatar a chorar enquanto lambia a rata daquela desconhecida e suportava aquela mão a agarrar-me a nádega… mas fiz mais um esforço, continuei a dar-lhe prazer, esperando que aquele pesadelo acabasse depressa. Sentia cada vez mais dores nos maxilares e mesmo assim a minha boca não parava de se mexer, de beijar e apaparicar o órgão sexual da mulher que tinha à frente. Cheguei mesmo a passar a ponta da língua entre o espacinho entre a sua rata e o orifício anal, que estava, como eu bem desconfiava, com algo lá enfiado… mas tive de regressar logo aos beijos na zona vaginal, pois ela estava quase no ponto. E, efectivamente, instantes depois, recebi o seu orgasmo na minha cara, ouvindo-a gemer como se estivessem a matá-la, enquanto eu tinha, mais uma vez, de engolir o máximo possível de fluidos e limpar-me, estando apresentável para a pessoa a seguir. Todavia, antes de poder passar à pessoa a seguir, aquela mulher puxou-me com força na trela e deu-me umas quantas estaladas, acusando-me de ter feito um trabalho medíocre.
Enquanto eu abanava a cabeça, abalada, senti mais um puxão na minha trela, mas desta vez em direcção à pessoa a seguir. Naquela altura, eu já nem sentia os meus joelhos, depois de tanto tempo assente neles – e sabendo-se que nos dias anteriores eles também haviam penado… A pessoa seguinte era o homem que me havia apalpado as nádegas, e não foi preciso eu abrir-lhe as calças: ele já as havia aberto e estava a agarrar na pila, a masturbar-se enquanto me via lamber a rata da sua acompanhante. E ele não se fez rogado: agarrou-me no cabelo e fez-me engolir-lhe o órgão de uma só vez, fazendo-o entrar o máximo possível e tirando-me o ar… Lutei por ar, debati-me, mas ele não quis que eu o chupasse à minha vontade, preferiu antes ser ele a impor a velocidade e a força. Dava ideia que ele me queria ver a debater, uma vez que ele me fazia chupar-lhe a pila até ao máximo possível, fazendo-me engasgar sempre – é que o seu órgão não era propriamente pequeno… fez-me lembrar a minha experiência com o escravo na cela. Sempre que eu metia as mãos no seu baixo-ventre, tentando ganhar algum controlo, ele batia-me nelas, gritando-me para as tirar dali. Ele estava autenticamente a violar-me a boca, tentando, uma e outra vez, levar-me ao limite do vómito sem me fazer na realidade vomitar, era agonizante… Quando ele se veio, algum tempo mais tarde, apanhou-me quase de surpresa: não consegui engolir o seu sémen, engasguei-me e comecei a tossir, com a pila dele ainda na boca, a sufocar-me. Resultado: acabei no chão, ainda a tossir, com esperma na boca e ainda a sentir o gajo vir-se para a minha cabeça, enchendo-me o cabelo dos seus fluidos – e a não conseguir suster um ataque de choro, perante a risota geral. Se toda aquela gente me mijasse (ou pior...) em cima naquele momento, eu não me sentiria pior do que naquele momento. Se, nos dias anteriores, eu já me havia sentido que nunca havia sido tão humilhada, naquela altura, naquele instante, senti que não podia mais.
Então, Lady Jewel veio à minha beira e pegou-me na trela, com alguma suavidade. Ergueu-me e arrastou-me, ainda a chorar, para fora da sala de jantar. Assim que chegámos à cozinha, ela passou-me a mão pela cara, como quem faz uma festa, e secou-me as lágrimas.
- Escrava, sei que neste momento te deves estar a sentir demasiado em baixo. Sinceramente… estou orgulhosa de ti. Muitas das minhas meninas não aguentaram tanto da primeira vez que as lancei às feras. Sei que ainda não estás habituada a isto. Garanto-te que vais sair daqui preparada para tudo isto e muito mais.
- Mas… Mas… Mas… – eu estava num pranto que me tornava impossível articular palavra; só alguns momentos depois lá me consegui acalmar o suficiente para falar – Eu apenas quero que este pesadelo acabe… Quero que isto acabe, quero voltar à minha vida…
Ela olhou para mim e, pela primeira vez, pareceu-me ver ternura nos seus olhos. Depois vi-a sorrir.
- Neste momento já não é possível, minha querida. Tu estás a modificar-te, a evoluir, a transformares-te numa submissa. Falta-te ainda aceitares o teu destino, mas já mostras progressos, e esta noite demonstrou-o. Fizeste sexo oral a seis pessoas sem pestanejares, sem protestares e sem hesitares. De resto, – acrescentou, num tom mais indiferente – já empreguei muitos recursos e tempo em ti, agora pretendo reaver o meu investimento… para além de que as minhas meninas só vão embora com alguém a segurar-lhes a trela.
Colocando um ponto final na discussão, Lady Jewel tocou uma sineta, aparecendo uma criada, uma loira vestida de farda rosa-choque: a número Um.
- Esta noite, para ti, acabou. Precisas de descanso. Um, leva a Dezanove para o quarto e mete-a na sua cama.
Ela fez uma vénia.
- Sim, Senhora.
Vi-a agarrar-me suavemente no meu braço, enquanto Lady Jewel regressava à sala de jantar, ouvindo-se, nos instantes em que a porta esteve aberta, gritos femininos de dor.
- Vamos? – ouvi a minha colega perguntar; só quando a vi de perto é que reparei que ela era, na realidade, um homem: a grossura da maçã-de-adão e a estrutura do corpo não enganavam. Todavia, quem olhasse para ela (como continuarei a tratar aquela pessoa), seria algo difícil perceber que ela não era do sexo feminino: estava perfeitamente maquilhada – talvez até melhor que eu – as roupas assentavam-lhe bem, sendo óbvio que ela tinha enchumaços ou algo do género na zona dos peitos. Até a voz conseguia ser algo feminina…
- Uh... Sim, claro. Estou de rastos. – respondi, enxugando uma lágrima, caminhando a seu lado.
- Acredito. Na minha primeira noite também penei bastante… tive logo de fazer três broches, ao terceiro vomitei. Hoje em dia já estou melhorzinha nisso. E tu também hás-de melhorar.
- Mas eu não quero melhorar… Quero apenas que isto acabe… – choraminguei.
- Eu também pensei assim. Agora, aceitei o meu destino e tornei-me empregada privativa de Lady Jewel. E, sendo-te sincera, não o trocava pela vida que tinha.
- Quem eras dantes? – ousei perguntar.
Ela respondeu com um encolher de ombros.
- Já nem sei. Alguém insignificante. Sem importância. Aqui, tenho valor, sinto que o meu trabalho é reconhecido… É uma sensação fantástica.
Dito isto, estacou defronte de uma dupla porta de madeira. Um rodou os puxadores e revelou uma grande sala, com cerca de quarenta ou cinquenta camas metálicas. Cada uma delas tinha uma placa em cima com o número a quem a mesma pertencia. Aproximando-me da minha, reparei que as camas tinham algemas em cima e em baixo.
- Temos de dormir algemadas à cama? – perguntei.
- Sim, pelo menos vocês têm de dormir em completa privação dos sentidos: vendadas, amordaçadas e de ouvidos tapados, presas às camas. – suspirou – Eu tenho de dormir com a trela presa ao ferro da cama de Lady Jewel, e deitar-me a seus pés, depois de Lhe dar prazer...
Abri a boca para falar, mas acabei por me remeter ao silêncio. Talvez ela tivesse razão… talvez o melhor fosse aceitar aquilo, viver um dia de cada vez e ver o que dava a coisa.
Deitei-me na cama e não lutei quando Um fechou as algemas nas argolas das minhas pulseiras metálicas, colocando-me em posição de X. Da mesma forma, abri a boca quando a vi aproximar-se de mim com uma mordaça com uma bola azul, levantando a cabeça para que ela apertasse as tiras de cabedal atrás. Não reagi quando ela me colocou uma espécie de tampões nos ouvidos, que pareciam estar presos à cama. E não estrebuchei quando ela me colocou um capuz de cabedal a cobrir por completo a cabeça, apenas com dois orifícios para respirar. Estranhei apenas foi o beijo que ela deu na zona da minha mordaça…
Apesar de não me sentir propriamente confortável, o cansaço acumulado de tantos dias levou a melhor sobre as minhas dores físicas e psicológicas. Não demorei muito tempo a dormir.

continua...

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