quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A vingança

Cheguei a casa dele em pulgas. Havia adiado aquele momento até mais não, e naquela altura não aguentara mais. Toquei à sua campainha, e uma voz ensonada soou pelo intercomunicador:
- Quem é?
- Miss Leyla. Abre-Me a porta.
Pareceu-Me ouvir um engasgar, antes da porta do prédio se abrir. O som dos saltos das Minhas botas contra o chão ecoava pelo hall do prédio, enquanto Me dirigia ao elevador e o chamava. Sentia-Me impaciente: o tempo que aquela caixa metálica demorou a chegar ao rés-do-chão para Mim foi uma eternidade. Quando, finalmente, a porta se abriu, fiquei ligeiramente surpreendida por ele não Me ter vindo cumprimentar, como de costume. Melhor assim, dava-Me tempo para organizar as ideias. Carreguei no botão redondo com o algarismo ‘7’ e esperei.

 
Não sabia o nome dele: para todos na comunidade, era o subgoku. Ele havia-Me pedido amizade via Facebook, conversámos algumas vezes, parecendo-Me alguém interessante; depois de alguns encontros, tivemos algumas sessões, e Eu tinha começado a considerar ter algo mais sério com ele, com ele também a parecer estar para aí virado. Todavia, nos últimos tempos, ele havia estado algo distante, tendo-se esquivado a alguns convites para cafés para falarmos mais a sério sobre uma relação D/s. Encontrava-o na net e não falava comigo, até Eu chegar ao ponto de achar que era Eu a única interessada em termos algo – quando havia sido ele a demonstrar interesse ao início! Até que, àquela manhã, finalmente, dei por mim a dirigir-me para casa dele, a fim de tirar todas as dúvidas e colocar tudo em pratos limpos.
Quando cheguei ao andar dele, a porta estava aberta, com ele a esperar-Me à porta. Parecia estar com um ar comprometido. 
- Bons dias, Miss… – cumprimentou-Me.
- Olá. – dei-lhe dois beijos na cara, como de costume. Conduziu-Me até à sua salinha, um local acolhedor, onde havíamos tido algumas sessões. Sentei-Me no sofá mais comprido, enquanto ele se sentou no outro, não muito longe de Mim. Olhei-o nos olhos: continuava a não Me olhar na cara…
- Estou a interromper alguma coisa? – perguntei.
- Não, Senhora, de maneira nenhuma. Fui apenas apanhado de surpresa… o que se passa?
Durante os minutos seguintes, só se ouviu a Minha voz. Contei-lhe o que Me ia na cabeça, as Minhas queixas a respeito dele; quando acabei, ele argumentou que não andava muito bem, que tinha tido um problema de saúde algo grave e que, por isso, tinha andado mais afastado e mais distante.
Subitamente, ele foi interrompido pelo som de um telemóvel a tocar. O aparelho estava em cima da mesinha entre os dois sofás, ao pé de Mim. Peguei nele para lho dar, mas acabei por reparar na foto da pessoa que estava a ligar, de uma rapariga que Eu conhecia, e ainda por cima numa pose algo provocante… Quando ele tentava agarrar o aparelho, furtei a Minha mão e desliguei a chamada. Olhei para ele e a cara que ele tinha dizia-Me tudo, de facto.
- Mas afinal de contas… – foi tudo o que consegui dizer. Estava a tentar perceber aquilo… e de repente tudo fez sentido na Minha cabeça, o seu afastamento agora fazia todo o sentido: ele havia encontrado alguém que lhe interessava mais. Senti-Me traída – Filho da puta…
- Senhora, não é o que parece… – começou ele, mas nem o deixei acabar: esbofeteei-o com toda a força, caindo ele no chão, entontecido.
Apeteceu-me vingar-Me dele. Mas tinha de saber exactamente há quanto tempo durava aquilo, o quão longe haviam ido os contactos com ela, o quanto tempo ele Me havia usado. Enquanto ele se procurava levantar, agarrei uma toalha e com ela amarrei-lhe as mãos, e fiz-lhe o mesmo aos pés com outra. Para não o ouvir a protestar, meti-lhe um lenço na boca. Com as mãos a tremer, voltei a agarrar-lhe no telemóvel e comecei a explorar as mensagens, lendo as que ele enviara e, posteriormente, as que ele tinha recebido. À medida que ia explorando as suas comunicações, fui ficando de todas as cores. Ao que parece, os contactos entre ele e a outra duravam desde que nos havíamos conhecido, e as coisas que ele lhe dizia… nunca, nunca antes ele Me havia dito igual. E ela também lhe fazia as vontadinhas todas, a cabra. Quando cheguei à parte em que ela lhe agradecia pela noite fantástica e por se adequar tanto a ela, parei de ler. Não conseguia mais. Sentia-Me usada…
Peguei em Mim e vasculhei a casa dele, ignorando os seus gemidos abafados, à procura de algumas coisas que pudesse utilizar para o punir – e para aliviar a Minha raiva. Arranquei uma corda dos estores da cozinha dele, fui-lhe ao guarda-fatos de onde tirei um par de cabides, e acabei por ir buscar a sua escova de cabelo, feita de madeira e algo pesada. Voltando para a sua beira, soltei-lhe os tornozelos e ajoelhei-Me entre as suas pernas, enquanto ele continuava de barriga para baixo. Sem perder tempo, despi-lhe as calças e os boxers, agarrei-lhe nos testículos e nos dois cabides: entalei-lhos bem apertadinhos entre os dois pedaços de madeira, depois prendendo-os naquela posição com a corda dos estores. Todo ele tremia e gemia, mas Eu não queria saber. Ele não se sentia tão mal como Eu…
Se ele tivesse sido sincero comigo, Eu ter-Me-ia conseguido proteger, talvez seguir para outra. Mas ele continuou a vida dele sem me dizer nada, e Eu fiquei na expectativa, esperando que tudo aquilo fosse uma fase e que ele depois voltasse a interessar-se como dantes… e, enquanto isso, ele divertia-se com outra pessoa. Não, as coisas não iam ficar assim.
Peguei na escova e bati com ela na Minha mão. Era pesada, maciça, mesmo. Perfeito, era mesmo o que precisava. Ergui-a bem alto no ar e, com toda a força que encontrei, comecei a agredir-lhe as nádegas. Uma e outra vez, os Meus golpes ouviam-se por toda a casa, rematados pelos seus urros de dor. Não queria saber: fustiguei a carne das suas nádegas até as mesmas ficarem roxas. E mesmo assim, continuei a agredi-las. Queria magoá-lo da mesma forma que Eu Me sentia magoada…
Então o telemóvel dele começou a tocar mais uma vez. Parei a minha agressão e fui ver quem estava a ligar, reparando que era ela novamente. Enquanto estava a olhar para o visor, a chamada terminou para, segundos depois, voltar a ligar… estive quase para lhe desligar o telemóvel, mas depois tive uma ideia. Depois de lhe ter colocado o telemóvel em modo de vibração, fui à carteira dele, abri-a e vasculhei até encontrar um preservativo. Desenrolei-o e coloquei o telemóvel, ainda a vibrar, lá dentro. Dei um pulinho à casa de banho e regressei com um boião de vaselina. Não sei se ele conseguia ver o que eu estava a fazer – nem tão-pouco Me interessava – enquanto espalhava uma camada do líquido pelo invólucro de látex. O que é certo é que ele só protestou quando, após Me ter ajoelhado em cima dele, prendendo-o ao chão, lhe meti vaselina no ânus, esfregando-lhe bem o esfíncter e enfiando-lhe a ponta dos dedos. De seguida, e enquanto, com a mão esquerda, lhe afastava as nádegas roxas e doridas, com a outra fui-lhe enfiando o telemóvel, lentamente, até ele entrar por completo no seu rabo. Ele gemia, e ainda gemeu mais após Eu voltar a atar-lhe os tornozelos com a toalha.
- Espero que gostes muito e que ela te dê muito prazer. Até nunca mais. – disse, olhando para ele, enquanto se torcia no chão, bramindo por trás do lenço que tinha na boca e tentando abrir as pernas.
Fui até à casa de banho lavar as mãos, voltei à sala de estar, peguei nas Minhas coisas e saí da casa dele, fechando a porta à Minha passagem. Quando saí, ainda era vagamente perceptível o toque do telemóvel dentro do rabo dele.

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