terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sra. Lopes

O meu nome é Alexandre. Tenho dezoito anos e, até há um mês atrás, vivi num internato em Lisboa. Foi por essa altura que a minha vida mudou…

Cresci sem pais – fui criado por uma tia muito rígida após o acidente que os matou – e fui enviado para um internato quando me tornei um fardo demasiado pesado para ela e para os seus filhos. Não sei o tipo de acordo que ela conseguiu fazer com o director, mas acabei por ficar com um quarto só para mim. Fiz desde alguns amigos, mas… nunca me senti particularmente feliz. Desde a morte dos meus pais, nunca me senti amado, nunca me senti querido…

domingo, 24 de janeiro de 2010

Jogo de prazer

Deito óleo nas mãos e passo-o pelos braços, pelo corpo. Sinto-me pegajosa, mas, ao olhar para o catsuit em cima da cama, varro essa sensação da cabeça.
Pego nele e começo a vesti-lo. Primeiro as pernas – que escorregam para o seu lugar graças ao óleo – depois o baixo torso – e suspiro ao sentir a borracha reforçada dos lábios artificiais a ficar em contacto com os meus verdadeiros lábios vaginais – e em seguida, os braços. Sinto-me confortável dentro daquela segunda pele.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Monólogos de um strap-on

Eis-me aqui, na máquina de lavar. Enfim, é a minha vida. Depois duma noite de farra, o obrigatório duche.

A minha dona não faz as coisas por menos: leva-me para todo o lado, usa-me em toda a gente, sejam homens e mulheres, que se sujeite a arrojar-se a seus pés e a adorá-la. E, como presente, paga ou castigo (dependendo das ocasiões), ela enfia-me em todos os buracos possíveis.

Ontem, não foi diferente. Munida de seu chicote (que está ali em baixo, também a lavar), entreteve-se a torturar um pobre rapaz e, no final da noite, fez-me entrar no seu rabo. Foi uma experiência algo infeliz, se o puder dizer… se dependesse de mim, depois de tudo o que ele passou, eu sujeitava-o a um enema.

Mas enfim, não me posso queixar. Depois de dois dias de folia, vou ter uns diazinhos de descanso – afinal de contas, durante a semana não há grande vagar de ir até um clube de BDSM abusar de submissos, e por isso, normalmente, desfruto dumas bem merecidas férias. O vibrador que está aqui a meu lado, coitado, é que não tem essa sorte: todas as noites a nossa dona o usa para se saciar.

Quanto a mim… como já disse, entro em muito lado. Entro em bocas, entro em vaginas e entro em rabos. De todos os três, prefiro entrar nos órgãos femininos: são mais agradáveis, mais confortáveis de se penetrar. Quando me enfiam em bocas, é uma pasmaceira desgraçada, apesar das vítimas me chuparem duma ponta à outra, me beijarem e me lamberem as “bolas”. Não há gritos, não há dor, nada… que, ao invés, há de sobra sempre que entro no posterior de alguém. Só que existe um grande problema desse orifício: é que, às vezes, encontro um que não está propriamente lavado… até me arrepio só de pensar nisso. E o pobre dono (ou pobre dona) desse traseiro também, quando a dona me tira e repara no meu estado: é logo chicotada até a carne começar a ficar roxa. E só por isso é que prefiro as vaginas: menos surpresas desagradáveis. Tudo bem que saio de lá sempre envolvido em nhanha, mas enfim, são os ossos do ofício.

E não são só as ratas das outras que me sujam: afinal de contas a minha dona também tem orgasmos em mim… é o que dá ser um strap-on com dois dildos. A parte de mim que entra dentro da dona é a que, invariavelmente, acaba sempre mais suja – afinal de contas, ela não se contenta só com um orgasmo, precisa sempre duns dois ou três até se sentir saciada. E longe – muito longe, ainda antes destas noitadas dominantes – vão os tempos em que ela me colocava à cintura, nua, apenas de botas altas, e me utilizava para se masturbar, ora enfiando o meu falo mais comprido o mais fundo possível na vulva, ora colocando-me como deve ser e enfiando o meu dildo mais pequeno – o reservado para ela – no sítio que é devido e a masturbar-se com ele. Acho que, depois dessas noites, eram sempre precisas duas passagens pela máquina para ficar totalmente limpo… vá lá que esses tempos já lá vão.

Argh, acho que o ciclo da máquina se está a acabar. Tenho de me calar, senão ela ainda se espanta e me troca por um novo… e, parecendo que não, eu gosto do meu trabalho.

[história criada para a rúbrica "Conto da Semana" do fórum BDSMPortugal]

domingo, 10 de janeiro de 2010

Uma prenda de Natal


(um grande beijo para a minha Femme Parralel, sem a qual estas linhas não teriam sido possíveis)

Foi neste Natal último que tive uma das experiências mais marcantes da minha vida.

Era véspera de Natal, e, infelizmente, por motivos ligados à faculdade, não pude ir ter com a minha família. O facto de ter três projectos para entregar no início de 2010 fez com que, pela primeira vez em 25 anos, tivesse de faltar à consoada lá na terra. Depois de jantar um bocado de bacalhau aquecido no micro-ondas, liguei para lá, a desejar à minha malta um feliz Natal, e depois desliguei, ao ouvir alguém tocar-me à porta. Levantei-me e fui ver quem era.