segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A história de Ana (parte 3)

(continuação...)

Antes do casamento, porém, a minha irmã e eu decidimos que já bastava de isolamento, e que era altura de nos reunirmos com o resto da nossa irmandade. Usando o dinheiro que havíamos adquirido nos meses anteriores (desde que Andreia havia passado de prostituta a stripper, e com a minha carreira como modelo a florescer, comigo a aparecer em alguns anúncios de lingerie, as nossas contas bancárias começavam a ficar cada vez maiores), contratámos uma agência de detectives privados, conseguimos encontrar tanto Amélia como Ângela, mas, infelizmente, depois da união entre Carlos e Andreia – a ideia teria sido tê-las na cerimónia como damas de honor. As duas estavam, à nossa semelhança, a viver juntas, em Paris, com Ângela a estudar para ser uma fotógrafa, e Amélia como “madame duma casa de S&M”. Fiquei sem saber o que significava isso até uns meses mais tarde.

 
Quando nos reunimos, em meados de Abril – um pouco mais de dez anos desde a última vez que estivéramos juntas – no Aeroporto da Portela, todas quatro chorámos durante um bom quarto de hora. Elas estavam tão crescidas… Amélia exalava uma aura de sensualidade, e notei diversos homens a olharem para ela – e mesmo mulheres, com um olhar de inveja. Ângela, por seu lado, por causa dos seus dezasseis-quase-dezassete anos, ainda parecia tão jovem, tão inocente… não parecia ter envelhecido nada desde a nossa separação. Mas eu não me importava – nenhuma de nós se importava. Estávamos tão arrebatadas com a reunião que, depois das lágrimas, ninguém conseguiu dizer nada: apenas olhávamos umas para as outras e riamo-nos. Alugámos um táxi para a nossa casa – a casa de Carlos e Andreia, que, afinal de contas, era a minha casa, também – com bastante espaço para elas passarem alguns dias.
Após a nossa chegada, e depois de Ângela e Amélia terem descansado, finalmente pusemos a conversa em dia a respeito dos dez anos anteriores. Elas ficaram horrorizadas com a nossa história, tristes ao ouvirem os anos de abusos sexuais que tivemos de suportar, e felizes por ouvirem as novas do casamento de Andreia – Carlos estava no treino, por isso elas ainda não o tinham visto. E, em troca, elas contaram-nos, a mim e a Andreia, o que lhes tinha acontecido nos anos anteriores.
Aparentemente, elas haviam sido adoptadas um mês ou dois depois de nós por um casal abastado que não podia ter filhos. Tentando fazê-las sentir em casa, os seus novos pais mimaram-nas, comprando-lhes tudo o que as pudesse fazer felizes. Por essa altura, e beneficiando duma das primeiras ligações à Internet, Amélia começou a explorar os seus desejos, os seus gostos sexuais, e descobriu que ela adorava tudo o que envolvesse sadomasoquismo, dominação e bondage (algumas daquelas palavras eram novas para mim). Quando chegou à maioridade, ela começou a ir a festas, a mudar o seu guarda-roupa, e conseguiu começar a trabalhar num clube onde tais práticas eram comuns. E, com o tempo – e algum sexo oral, ela admitiu culpadamente – ela havia chegado ao topo da hierarquia. Quanto a Ângela, sendo a mais jovem das quatro, ainda não tinha muito a dizer… havia entrado numa escola de arte, por forma a tornar-se fotógrafa (e, talvez, fotografar Amélia em acção), mas a sua continuidade na escola estava algo tremida, depois de ter sido apanhada duas ou três vezes a ter relações sexuais com um colega, fazendo com que os seus pais adoptivos tivessem pago uma soma avultada para a manterem lá. Mas, tirando isso, ela era um pouco uma “maria-rapaz”, sempre a usar ténis, calças largas e sweat-shirts. Perguntei-lhe o porquê daquele visual, e ela respondeu-me que era para “ser diferente”.
Como Ângela era demasiado nova para entrar numa discoteca, algumas noites íamos a uns bares na zona da Amora – especialmente áqueles com Ladies Night – ou então ficávamos em casa, a conversar, a ver TV, ou qualquer outra coisa, antes de irmos para a cama.

O que Amélia e Ângela nunca suspeitaram era o que se passava depois de irmos para a cama. Eu, Andreia e Carlos dormíamos todos no primeiro andar da casa, enquanto elas dormiam nos quartos de hóspedes, no rés-do-chão. E, estando tão longe de nós, nunca poderiam ouvir os gritos de prazer que proviam do quarto dos donos da casa, ou ver o que se passava por detrás da porta de madeira: eu e a minha irmã, sempre muito pouco cobertas por lingerie ou cabedal ou látex, ou o que quer que nos apetecesse, e proporcionávamos prazer ao Carlos de qualquer maneira que nos apetecesse.
Sim, era algo tremendamente errado, era indecente, e talvez fosse um grande erro. Mas nós não queríamos saber. Éramos felizes, estávamos todos apaixonados, estávamos cheios de desejo, e, como Carlos dissera uma vez, ‘o que um não quer, dois – ou três – não fazem’. E, uns meses depois, eles apresentaram-me àqueles conceitos que haviam sido falados entre surdina entre a minha irmã e o meu cunhado: bondage, dominação, sadomasoquismo. BDSM. As quatro letras que significariam tanto para mim nos anos seguintes…
Deixem-me contar-vos exactamente como correu, visto que essa noite ainda está bem fresca na minha memória. Se calhar é das noites que melhor me lembro, tão importante foi ela para mim…
Apesar de fazermos todo o tipo de coisas juntos, aos domingos à noite eles costumavam vestir-se de preto e ir-se embora, sem me darem qualquer espécie de explicação sobre o seu traje e sobre o seu destino. Até que, aproveitando a altura em que Carlos tinha alguns dias de férias, eles decidiram levar-me com eles: aparentemente, era uma espécie de reunião numa casa, perto de Setúbal. Eles envergavam roupas negras, como de costume (Andreia com um sobretudo que me impedia de ver o que ela trazia por baixo – apenas conseguia vislumbrar as suas unhas pintadas de negro e as suas botas de salto-agulha – e uma mala na mão,  e Carlos numa t-shirt, calças e, para finalizar, umas botas Doc Martens), e deram-me algumas peças de roupa para vestir. Corei ao ver o quão sexy elas eram, mas acabei por envergá-las. Quando saí do meu quarto, tinha no corpo um body de seda preto, com collants rendados e sapatos de salto bem alto; nas mãos, levava um par de luvas pelo cotovelo. O body apertava-me um pouco no baixo-ventre, e tenho de confessar que isso me deixava algo excitada, tanto que os meus mamilos quase rasgavam o tecido delicado que os cobria. Antes que Carlos abrisse a porta da rua, Andreia agarrou num par de algemas metálicas e prendeu-me os pulsos atrás das costas.
- O que estás a fazer?
Ninguém respondeu. A minha irmã agarrou no meu braço e levou-me na direcção do carro do Carlos, abriu a porta traseira e, quando me sentei no banco de trás, ela atou um pano preto sobre os meus olhos.
- Porque não posso ver para onde vamos?
- Porque não. – e ela fechou a porta.
Conduzimos durante sensivelmente meia-hora, sem que alguém dissesse uma palavra, apenas a ouvir o CD de Trance que estava no rádio. Queria bombardeá-los com perguntas – exactamente para onde estávamos a ir?, porque estávamos vestidos daquela maneira?, porque haviam eles falado em ‘iniciarem-me’, antes de entrarem no carro?, e porque estava eu vendada e algemada? – mas eu sabia bem que não obteria qualquer resposta. Portanto, limitei-me a esperar, e a esperar… e a desesperar…
Então, o carro finalmente parou. Quando fui retirada do carro, apurei o ouvido, tentando escutar algo que me permitisse descobrir onde estávamos, mas o silêncio reinava. A minha venda foi retirada, e vi que estávamos numa zona de vivendas, numa zona que eu nunca tinha visto antes, e que nos aproximávamos dos portões duma delas, uma casa antiga mas bastante bem preservada. Carlos tocou à campainha e ficámos ali, à espera. E eu continuava algemada… o que iria acontecer?
Segundos depois, a porta enorme abriu-se, e vimos uma rapariga num uniforme de criada, com os pulsos e tornozelos acorrentados e uma grande coleira ao redor do pescoço. A minha pulsação acelerou assim que ela nos cumprimentou.
- Estamos aqui para ver a Senhora. – declarou Andreia.
- Venham comigo, por favor.
Ela conduziu-nos ao hall principal, com portas em todas as paredes e uma escadaria de madeira para o primeiro andar.
- Esperem aqui, por favor; eu vou chamá-l’A. – e, dito isto, ela virou-se e desapareceu por uma porta.
Tanto Carlos como Andreia olharam à volta, vendo os quadros na parede, enquanto eu começava a hiperventilar. Finalmente, não consegui aguentar mais.
- Mas que raio estamos nós a fazer aqui? Porque estou eu assim vestida? Porque...
- Ana, cala-te. – ordenou Andreia. Não foi um grito, mas, de qualquer forma, foi dito num tom que me fez imediatamente obedecer.
- Tudo vai ser revelado em seu tempo, minha querida. – acrescentou Carlos, de mãos nos bolsos.
De vez em quando, parecia-me ouvir o som dum chicote de um grito, imediatamente a seguir. Toda eu tremia de ansiedade, de expectativa… exactamente que sítio era aquele?
Então, o som de passos distraiu-me, e fiquei a olhar para uma mulher alta e ruiva, provavelmente perto dos quarenta anos, num longo vestido de noite vermelho. Tinha a quantidade de maquilhagem certa para fazer os homens olhá-la com desejo, evidenciando as suas proeminentes maçãs do rosto, os seus olhos verdes e os seus lábios carnudos. Tinha também um crucifixo de prata ao pescoço. Atrás dela estava a criada que nos havia aberto a porta.
- Ah, Carlos e Andreia! Bem-vindos. – cumprimentou ela, com uma voz suave.
- Boa noite, Senhora. – respondeu Andreia. Carlos limitou-se a acenar com a cabeça.
Olhei para os três e tentei perceber porque tinha aquela estranha chamado “Karl” e “Katarina” a Carlos e Andreia.
- E creio que esta é a rapariga de que ambos Me falaram, estou certa? – a mulher aproximou-se de mim.
- Efectivamente. – respondeu Carlos – Aqui estão as chaves das suas algemas. – e ele entregou-lhe uma argola minúscula com um par de chaves presas.
A mulher agarrou-as, depois olhou para mim de alto a baixo, inspeccionando-me – avaliando-me, talvez? – e pareceu sorrir.
- Olá. – dirigiu-se a mim, olhando-me fixamente nos olhos.
- O-olá… – gaguejei.
- Como te chamas?
- Ana.
- Bom, Ana, podes-me chamar de Miss Silva. Diz-me uma coisa: estás com medo?
- Uh, um pouco… Senhora.
Ela sorriu.
- E porquê?
Engoli em seco, hesitando.
- P-porque, bem… – senti suor a aparecer-me na testa – uh, eu f-fui trazida aqui algemada e vendada, e ainda estou algemada, o que significa que, ehm…
Voltei a engolir em seco quando Miss Silva fez um gesto com a mão para que continuasse.
- E, uh… não sei p-porque estou aqui, em roupas picantes, sensuais, algemada e numa casa onde, de vez em quando, se ouve alguém gritar. – terminei, inspirando fundo imediatamente a seguir.
- Bom, os teus amigos não te disseram  o que vinham fazer aqui?
Abanei a cabeça negativamente, o que a fez rir.
- Uma surpresa, hein? E, mesmo assim, não reagiste? Bom, se tivesse acontecido o mesmo comigo, Eu ter-Me-ia tentado libertar, ou teria gritado todo o caminho, ou manipulado os Meus captores até Me dizerem o que se passava… – e cruzou os braços, permitindo-me ver o enorme anel que ela tinha no dedo grande da mão direita.
- Eu, uh… não sei, Senhora, eu confiei neles, é…
- Estou a ver. – só então reparei que ela me tinha estado a olhar nos olhos o tempo todo – Vem comigo, Ana, vamos falar um bocadinho, tu e eu. Rebeca,  virou-se para a criada que a acompanhava – toma conta deste casal até que eu regresse. Leva-os para o hall principal e dá-lhes tudo o que eles pretenderem.
- Sim, Senhora. – ela virou-se e disse ao Carlos e à minha irmã para a seguirem.
Tentei segui-los com o olhar, mas fui detida por uma mão no meu braço. Essa mão guiou-me pelas escadas, por um longo corredor, com portas de ambos os lados. Miss Silva destrancou e abriu uma delas e nós entrámos nessa divisão, que não era muito grande: tinha uma cama de ferro (com algemas em cima e em baixo) com lençóis pretos, um armário de metal e uma cadeira de madeira, com sinais de ser bastante velha. Com um gesto, ela convidou-me a sentar na cama, enquanto ela posicionava a cadeira à minha frente e se sentava nela.
- Diz-me, Ana, sabes quem sou eu?
- Erm… – senti as palmas das mãos humedecerem, mesmo por debaixo das luvas – A Senhora é, uh… a Miss Silva?
Ela riu-se com gosto.
- Para além disso, querida, sabes o que faço, ou o que é esta casa?
- Não, Senhora.
Miss Silva cruzou as pernas, e podia ver agora as suas sandálias de salto alto pretas, e as suas unhas dos pés pintadas de vermelho.
- Eu sou uma Dominatrix, Ana. Sabes o que isso é?
Pensei por um bocado.
- Hmm, penso que sim… domina e treina sexualmente homens e mulheres… certo? – de repente lembrei-me das conversas com a minha irmã Amélia, que dizia fazer o mesmo numa casa em Paris. Ela sorriu.
- Pode ser. Porque achas que aquele casal te trouxe aqui, para a casa duma Senhora que se dedica a fazer o que tu disseste?
- Porque… p-porque eu preciso de ser treinada?
Miss Silva baixou o olhar.
- O Karl e a Kzarina Katarina falaram-Me bastante de ti. Disseram-Me que tu eras bastante submissa e dócil, que poderias ser uma escrava sexual ideal, e disseram-Me para te “verificar” e dar a Minha opinião.
“Escrava sexual ideal”?! Era demais. E, no entanto, quando as palavras saíram da boca de Miss Silva, não me consegui sentir zangada, ou insultada, ou o que fosse.
- E – continuou – a julgar pela tua reacção à maneira como vieste até cá, e pelos teus olhos… eu diria que tu podes ser uma boa submissa. Perfeita? Bom, acredito que nada é perfeito.
Então, Miss Silva levantou-se e abriu as minhas algemas. Enquanto eu exercitava os músculos dos pulsos, ela fez-me deitar na cama; e quando o fiz, ela fechou as algemas da cama em redor dos meus pulsos e tornozelos, deixando-me de braços e pernas abertas.
Esperei pela sua próxima acção… mas ela não fez nada, limitando-se a olhar para mim, sorrindo.
- Porque não te debateste quando te prendi à cama? – perguntou.
Encolhi os ombros.
- A Senhora é a Dominadora, não merece a pena lutar...
Ainda a sorrir, Miss Silva foi até ao armário e retirou de lá uma chibata.
- Para que achas que isto serve, Ana?
- Para, uh… me bater?
- Não só. – e começou a esfregá-lo no meu baixo-ventre.
Todos os acontecimentos até então, a viagem, a casa, a conversa, aquela mulher, fizeram-me completamente esquecer de mim própria, dos meus sentimentos, e do facto que, apesar de tudo, eu conseguia sentir-me um bocadinho excitada. Quando a chibata tocou na minha ratinha através do body, não pude suprimir um gemido de prazer.
- Hmm… gostas disto, Ana?
- Sim, Senhora. – a minha pulsação aumentava de cada vez que a ponta da chibata era esfregada em mim. A sua outra mão acariciou-me os seios, sentindo os meus mamilos: estavam tão erectos!
Então, ela largou a chibata na cama e continuou a massajar a minha ratinha com a sua mão, o fino tecido do body separando as nossas peles. E quando os seus dedos passaram sobre os meus lábios vaginais, inclinei a cabeça para trás e comecei a gemer incessantemente.
- Sabe bem? – sussurrou Miss Silva.
- S-s-s-sim, Senhora. – puxei as correntes que me prendiam, sentindo-me aproximar cada vez mais do clímax... credo, era incrível o prazer que aquela mulher me podia proporcionar com uma mão apenas! Porém, quando senti que o meu orgasmo chegaria numa questão de segundos, as suas mãos abandonaram o meu corpo.
- Não, por favor, não, não pare, Senhora… por favor… – implorei: eu necessitava desesperadamente de me vir. Estava tão perto...
- Quere-lo muito, querida?
- Miss Silva, por favor… – sentia-me quase como se fosse explodir – Por favor… faça-me vir-me…
 Subitamente, aquela chibata bateu-me com força na perna. Soltei um grito.
- O prazer de um submisso é condicionado pelo do seu Dono ou Dona: ele só será atribuído assim que o Dominador ache que o mereça. E o submisso sabe que isto – e ela brandiu a chibata – é o símbolo do poder. Pode dar prazer, mas também pode dar dor. Se o submisso não se comportar de acordo com a sua condição, ou se desobedecer, levará castigo. Todavia, se obedecer, receberá recompensa. Compreendes?
Engoli em seco.
- Sim… sim, Senhora.
- Nem sempre estas coisas envolvem sexo. Possuo alguns submissos com os quais nunca tive qualquer interacção sexual e que se limitam a servir-Me, sentem-se realizados assim. Quero que fiques com isto bem vivo na tua mente, Ana: o BDSM não é sexo. Pode haver, mas não tem de haver.
Automaticamente, assenti.
- Outra coisa vital para o BDSM são as três regras básicas: toda a prática tem de ser Sã, tem de ser Segura e tem de ser Consensual. E, claro está, tem de divertir todos os envolvidos, não te parece?
- Sim… diria que sim, Senhora. – acenei a cabeça, insegura sobre o que quereria a Miss Silva fazer a seguir.
Então, ela voltou a agarrar na chibata e colocou a ponta nos meus lábios. Involuntariamente, comecei a lamber o cabedal duro, humedecendo-o. Não sei porque o fiz, apenas… apenas me parecia que era o que deveria fazer naquela altura. Então, com um dedo, ela levantou a parte de baixo do meu body e colocou a parte da chibata que eu havia humedecido em contacto directo com os meus lábios vaginais, esfregando o cabedal neles… apenas foi preciso esfregá-la uma ou duas vezes, antes que os meus gritos ecoassem pelo compartimento, comigo a finalmente atingir o clímax. Ainda conseguia sentir a chibata em contacto com as minhas partes baixas, provocando-me e proporcionando-me prazer. Finalmente, Miss Silva retirou o objecto de lá e deixou-me gozar o meu orgasmo, sem interferências. E continuei a gemer e a vir-me, com a nódoa no meu body a aumentar de tamanho – devido aos meus fluidos vaginais.
- Bem, – Miss Silva declarou, ao abrir as algemas que restringiam os meus pulsos – tu realmente retiras prazer de coisas pequenas.
Baixei a cabeça.
- É assim que sou, Senhora.
- Eu sei, Eu sei. Apesar de Eu ter sido muito benevolente contigo.  – ela riu-se, enquanto os meus pulsos voltavam a ser algemados atrás das costas – Bom, é altura de te devolver aos teus amigos.
Devo ter feito uma expressão qualquer, porque ela voltou a fitar-me.
- O que é, Ana?
- Não sei, Senhora, eu… eu pensei que me iria fazer muito mais…
Miss Silva riu-se.
- Oh… essa não é a Minha função, Minha querida. E eis porque foste trazida até cá. – voltou a agarrar-me no braço e conduziu-me para fora do quarto.
Regressámos ao hall principal, onde eu tinha visto pela última vez o Carlos e a Andreia, e Miss Silva fez-me seguir pela porta por onde Rebeca, a criada, os havia conduzido, algum tempo antes. Comecei a ouvir música, para além dos gritos de dor, vozes altas e estalidos de chicotes, e olhei para Miss Silva, apreensiva; se ela reparou nisso, não se importou.
Quando a última porta se abriu, não consegui acreditar no que os meus olhos viam: homens acorrentados às paredes, com mulheres vestidas de cabedal a baterem-lhes; mulheres seminuas e vendadas com os seus mamilos furados , sentadas em banquinhos e a serem abusadas por homens, ou mesmo mulheres; e aqui e ali, homens ajoelhados defronte de outros homens. Olhei em redor, tentando descortinar onde estariam Carlos e Andreia.
- Ah, ali estão eles. – ouvi Miss Silva dizer. Guiou-me na direcção dum grupo de três pessoas; uma rapariga, nua, com uma coleira enorme de cabedal no pescoço e presa a uma cadeira de braços, com um capuz a cobrir-lhe a cabeça – a única abertura era na zona da boca – e molas nos mamilos; em frente dela, estava uma morena com um corpete demasiado curto para cobrir os seus seios – cujos mamilos estavam tapados por fita-cola preta, em cruz – longas luvas pretas de cabedal, collants rendados como os meus, um par de botas altas pretas, e, para finalizar, um enorme strap-on preso à cintura, para além duma chibata igual à de Miss Silva na mão, com a qual ela agredia o corpo da pobre rapariga; e, sentado ao pé delas, noutra cadeira, estava um homem numa t-shirt preta, calças e botas Doc Martens. Tinha um lápis e papel na mão, e parecia estar a desenhar qualquer coisa.
 - Espero que a Rebeca tenha sido uma substituta à altura aqui da vossa menina. – começou Miss Silva.
A mulher virou-se, e foi bastante difícil descobrir que ela era a minha irmã Andreia pela máscara que ela envergava. Ela trazia também uma coleira com picos ao pescoço.
- Ela é um bom espécime, Senhora. – disse.
- Se bem que, obviamente, ninguém pode verdadeiramente substituir a Ana. – acrescentou Carlos, ainda a desenhar, um sorriso complacente nos seus doces lábios – Ainda assim, esta foi bastante adequada.
Colocou o seu lápis de lado, inspeccionou a sua obra, abanou a cabeça em aprovação e mostrou-nos o seu desenho da pobre Rebeca a fazer um fellatio ao dildo de Andreia.
- Magnífico como sempre, Karl. – Miss Silva aplaudiu, enquanto ele lhe oferecia o desenho.
- Então, Senhora, quais são as Suas impressões da Ana? – inquiriu o meu cunhado.
- Ela não Me desapontou. – Miss Silva bateu-me carinhosamente na cabeça, enquanto Carlos e Andreia libertavam a pobre Rebeca da cadeira.
- E…?
- Vocês têm aqui uma rapariga muito especial e muito submissa, que não precisa de grande treino. Ela é muito dócil e sensível: não foi preciso muito para lhe provocar um orgasmo. – e apontou para a mancha que eu tinha no body, entre as pernas. Corei.
- Sim, ela vem-se com muita facilidade... já havíamos notado isso algumas vezes.
- Bom… – as mãos da Domme descansaram nas suas ancas – vou deixar-vos aos três para que continuem o que estavam a fazer… desta vez, com a doce Ana no lugar da Minha serva, – e a sua mão passou para o ombro de Rebeca, com a rapariga quase vestida na totalidade – ou, se preferirem, podem ir para um dos quartos para uma sessão mais… privada.
Andreia aproximou-se de mim com qualquer coisa nas mãos, essa ‘qualquer coisa’ sendo uma coleira de cabedal, que ela colocou em torno do meu pescoço; no entanto, a minha não era como a dela: apenas tinha uma argola de metal, para além da fivela.
- Agora és minha. Pertences-me.
Não sei porquê, mas aquelas palavras fizeram-me sentir tão quente por dentro... mas eu tinha de confessar uma coisa.
- Eu… eu sempre pertenci, minha querida irmã.
Ela olhou-me nos olhos, depois sorriu.
- Sim… acho que pertenceste. – a sua mão enluvada acariciou-me o peito, e subitamente puxou o meu body para baixo, revelando os meus seios. Perto de nós, um homem careca soltou um grunhido através duma tira de cabedal que lhe cobria a boca, após ter uma mola de madeira a apertar-lhe os testículos.
- Muito bem. – Andreia sorriu – A Rebeca aqui vai-nos levar para um lugar condizente. – com um aceno afirmativo, a rapariga virou-se, já totalmente vestida no seu uniforme de empregada, e dirigiu-se para a porta.
No entanto, foi detida por uma ordem da minha irmã, que se voltou para mim e prendeu uma corda à argola da minha coleira; quando acabou, acenou para a criada, que continuou a sua marcha, guiando-nos para a área onde Miss Silva me havia proporcionado aquele orgasmo; verificou se algum dos quartos estava vazio, abriu a porta dum que estava, e permitiu-nos a entrada. Com um ‘obrigado’, despacharam-na.
O quarto era similar aquele onde eu já estivera, se bem que maior. Carlos deitou-me gentilmente na cama e sentou-se na cadeira, enquanto a minha irmã me olhava, de braços cruzados.
- E agora, que vou eu fazer contigo, minha querida e doce escrava?
- Por favor, And-uh… Senhora… seja gentil… – implorei.
Ela sorriu.
- Realmente aprendes rápido, tu… bom, tenho uma ideia. – aproximou-se de Carlos e sussurrou-lhe algo ao ouvido, com o meu cunhado a responder-lhe da mesma forma. Depois da conversa, ela retirou o seu dildo e colocou-o em cima da cama. Ela apenas tinha os collants a cobrir-me a ratinha… e estes pareciam já estar molhados. Então, Andreia abriu a mala que havia trazido, e tirou de lá algo que, à primeira vista, parecia outro dildo, mas, à medida que ela se aproximou de mim, vi que era outra coisa: uma mordaça com dildo, ou algo assim, com umas tiras de cabedal à volta.
 - Abre a boca, escrava.
Obedeci, e a minha boca foi selada pelo objecto. Enquanto ela apertava as tiras de cabedal à volta da minha cabeça, Carlos rasgou o meu body, fazendo um buraco no tecido sobre a minha vulva e o meu rabo, e fazendo o mesmo nos meus collants. Não me podia virar para ele, porque Andreia estava a agarrar-me a trela, mas pareceu-me ouvi-lo esfregar algo nas mãos. Então, ela deitou-se à minha frente, de pernas abertas, e baixou os seus collants, ainda a agarrar-me a trela. Puxando-me para ela, com um sorriso retorcido, ela disse:
- Quero que me dês prazer da única forma que podes, agora…
Eu sabia o que ela queria dizer, e sabia o que ela queria: rastejei um pouco pela cama, debrucei-me na direcção do seu baixo-ventre e penetrei os seus lábios vaginais com o dildo preso à minha boca.
Foi bom ver a sua expressão à medida que eu avançava e recuava, sistematicamente. Ela parecia tão dependente, tão submissa, e achei interessante como os papéis se podiam inverter assim. No entanto, nessa altura  algo me distraiu: senti uma mão passar pelo meu próprio baixo-ventre, massajar os meus lábios, e um polegar a entrar devagarinho no meu rabo. Não consegui conter um gemido.
- Shhh, está tudo bem, querida. – ouvi-o sussurrar-me ao ouvido – Nunca tiveste nada aqui, pois não?
Movi negativamente a cabeça, devagar, ainda a comer a ratinha de Andreia e fazendo-a emitir largos gritos de prazer.
- Prometo-te… vou ser o mais gentil possível. – não compreendi o que queria dizer: afinal de contas, o seu polegar não me estava a magoar, e era uma boa sensação que, juntamente à massagem nos meus lábios vaginais, me estava a fazer sentir excitada…
Subitamente, a sua mão abandonou-me. Senti o meu rabo húmido – talvez ele tivesse lavado as mãos com algo, e agora esse algo tinha passado para a minha pele. Continuei ali, ainda a proporcionar prazer à minha irmã, mas sem saber o que esperar dele.
Senti novamente o seu polegar no meu rabo. No entanto, desta vez, parecia diferente: um bocado mais largo que alguns instantes antes. Para além disso, estava envolvido em borracha, ou látex… No entanto, quando entrou em mim, quando eu – finalmente! – percebi que aquilo era demasiado comprido e longo para ser o seu dedo, finalmente percebi o que tinha dentro de mim… solucei e comecei a entrar em pânico. Meu Deus, alguma vez me conseguirei esquecer do que senti enquanto ele avançava dentro de mim?
- Doce, relaxa, por favor… vou fazer o possível para não te magoar. – ele sussurrou novamente, antes de beijar a minha omoplata – e os seus lábios foram o bálsamo que eu precisava para me acalmar novamente. Uma das suas mãos começou a masturbar-me, enquanto a outra meteu-se debaixo do tecido que cobria o meu peito, começando a massajar os meus seios, a provocar os meus mamilos. E, subitamente, a dor que eu sentia no meu traseiro desapareceu – ou melhor, foi superada pela magia que Carlos estava a fazer com as suas mãos, excitando-me… e até o meu rabo me fazia sentir bem! Andreia começou a masturbar-se também, com a sua mão livre – a outra estava ainda a segurar a minha trela, apesar de tal não ser preciso – gritando o mais alto que já a tinha ouvido, enquanto eu a continuava a penetrar. Carlos continuava a beijar as minhas costas apaixonadamente, ainda a masturbar-me, ainda a mover-se dentro de mim. Nunca pensei que ter alguém a comer-me o rabo pudesse saber tão bem… até estava a adorar a dor!
Andreia agarrou-me pelo cabelo e forçou-me a penetrá-la mais depressa, e eu podia ver nos seus olhos verdes, nos seus gritos, que ela havia acabado de chegar ao clímax. Um dedo penetrou-me bem fundo na minha rata, e gritei, também, com os meus mamilos a serem apertados, sentindo-o a acelerar dentro de mim. Honestamente, não sabia quando me viria, mas sentia que podia ser a qualquer instante. Estava sob tantas influências, com tantas coisas a acontecerem-me ao mesmo tempo, que eu nem sabia quão próxima do orgasmo eu estava. E, quando ele finalmente veio… bom, não vos vou mentir: foi o melhor orgasmo da minha vida. Estando presa e sendo abusada daquele modo – daquele modo – foi, de facto, a melhor sensação que alguma vez havia experimentado, e não consegui conter os meu gritos de felicidade com a intensidade do meu orgasmo, para além doutras coisas.
Algum tempo depois, ouvi um resmungo atrás de mim. As mãos de Carlos pararam de mexer no meu corpo, e ouvi, também, a sua respiração tornar-se mais funda, mais rápida, e os seus movimentos a acelerarem. Apenas havia uma explicação possível: este estava-se a vir dentro de mim. Dentro de mim! Se não fosse pelo preservativo, eu teria o seu sémen dentro de mim… e, não sei porquê, mas só de pensar nisso fez-me sentir ainda mais excitada. A sua mão massajou a minha perna, enquanto ele levantava a cabeça e me beijava na orelha. Estava tão radiante por tê-lo tão perto de mim que quase me esqueci de Andreia, apesar e continuar a penetrá-la…
Lentamente, Carlos saiu de dentro de mim, desta vez, de vez. Beijou as minhas nádegas, e deu-me espaço suficiente para remover o dildo de dentro da minha irmã. Ela retirou-mo da boca, e, assim que os meus lábios ficaram desimpedidos, beijou-me. Então, senti alguém a puxar-me a trela. Carlos havia removido o preservativo e segurava-o perto da minha cara.
- O… o que vai fazer, Senhor? – perguntei, a medo.
 - Abre, querida. – sorriu.
 Obedeci, e ele meteu o preservativo na minha boca: segurando a base junto aos meus lábios, ele virou-o do avesso com um dedo, fazendo com que o sémen – o seu sémen – caísse na minha língua. Sem que alguém dissesse o que quer que fosse, comecei a lamber a borracha, limpando-a dos seus fluidos. Eu realmente queria prová-lo… Andreia havia composto os seus collants, arrumado as suas coisas e olhava agora para mim, com a minha língua dentro do contraceptivo, sorrindo.
Então, tudo acabou. Ele retirou o preservativo da minha boca e compôs a sua roupa, enquanto Andreia voltava a envergar o seu sobretudo.
- Uh, malta… o que vou eu vestir sobre os buracos que me fizeram? – perguntei, fazendo menção aos rasgões que o meu body agora ostentava.
Ambos encolheram os ombros.
- Não te preocupes, ninguém te vai ver. – Andreia respondeu, enquanto Carlos me desalgemava – Assim que nos metamos no carro, só paramos em casa.
Carlos puxou uma corda presa ao tecto, que eu ainda não tinha visto, e, segundos depois, aparecia uma criada. Loira, desta vez.
- Diz à Senhora que temos de ir. Estaremos à espera no hall de entrada. – declarou Andreia.
- Sim, Senhora. – ela trancou a porta assim que nós saímos.
Seguimo-la pelas escadas abaixo e esperámos por Miss Silva perto da porta da frente. Um par de minutos depois, a Domme reapareceu, desta vez num trajo diferente: calças, corpete e botas altas, tudo em preto.
- Ah, Meus queridos! Já se vão?
- Infelizmente não podemos ficar muito mais, Senhora… – desculpou-se Carlos – Amanhã é preciso acordar cedo.
- Estou a ver, estou a ver… E como foi a vossa noite?
- Soberba, Senhora, simplesmente soberba. – respondeu Andreia, sorrindo.
- Sim, a Ana foi bastante cooperativa, e aguentou tudo bastante bem… – acrescentou Carlos.
- Fico contente por ouvi-lo. E tu, Ana, – aqui, ela virou-se para mim – que tens para dizer a respeito desta noite?
Sorri.
- Eu… eu quero fazê-lo novamente.
- Esplêndido! – Miss Silva sorriu – Bom, adorava ficar convosco mais um pouco, mas tenho de tratar de assuntos algo melindrosos. Ainda há quem quebre as regras da casa… vemo-nos na próxima semana?
Ambos acenaram afirmativamente, e eu imitei-os.
- Então, até à próxima semana.
Quando me sentei no banco de trás do carro, revi mentalmente aquela louca noite. Havia sido, sem sombra de dúvidas, a experiência mais louca da minha vida… e eu sabia que me ficaria na memória para sempre. Sentia-me tão bem, tão feliz, que apenas uma coisa me estava na cabeça.
“Quero fazê-lo novamente.”

(continua...)

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