sábado, 26 de dezembro de 2009

No Vasco da Gama

Olá, Mónica, hoje adorava almoçar contigo. Fiz marcações no Portugália do Vasco da Gama para as 13h, tenta não te atrasar, sim, querida? Beijos, Paula

Marco releu a mensagem no seu telemóvel, e suspirou ao confirmar o que lá vinha escrito. Nervosamente, pousou-o na mesa de cabeceira, tentanto arranjar uma solução. A sua namorada havia-o chamado pelo seu nome feminino, o que significava que ele teria de ir ao almoço vestido com as roupas que Paula havia comprado para ele: roupas de mulher. E, para piorar as coisas, o seu carro estava no mecânico…

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A história de Ana (parte 6)

(continuação...)

Tive de voltar a apanhar um táxi para regressar ao hospital onde o Carlos estava, preocupada com a sua condição. Os médicos disseram-me que, apesar da fraqueza de ter estado alguns dias sem comer, ele ia ficar bem. A ferida na perna não era grave, mas iria precisar de uma ou duas intervenções cirúrgicas para reparar o dano. Nesse dia, não saí da beira da sua cama, as nossas mãos bem unidas. E foi ali mesmo que finalmente me deixei adormecer, mais de dois dias depois de ter deixado o (ainda) meu marido.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A história de Ana (parte 5)

(continuação...)

Comprei um pequeno apartamento em Miramar, na Flórida, um lugar que preenchia as minhas necessidades. Assim que todas as minhas coisas estiveram prontas, liguei à Tommy para falar com ela a respeito da minha situação. Ela recebeu-me de volta, e acabámos por acordar um contrato a tempo inteiro, tenho-a a ela como minha agente, contrato esse que seria assinado depois de um jantar.
Grant estava ainda na agência, tendo-se tornado um dos seus fotógrafos principais; ainda gostava bastante dele, portanto, a ideia de o ter a fotografar-me nua e amarrada agradava-me bastante… e eu creio que ele percebia isso também, e sentia o mesmo, pois, para além de todas as reuniões de trabalho, sessões, começámos a ver-nos fora do trabalho, em ocasiões mais pessoais, convidando-me ele para um café, ou para assistir a um espectáculo qualquer… Já não me recordo quem deu o primeiro passo, mas não levou muito tempo até começarmos a namorar. Todavia, por essa altura, descobri que não era só ele a nutrir sentimentos por mim…

O Capuchinho Vermelho

Era uma vez uma rapariga de vinte anos tão bonita como não havia outra. Tinham-lhe mandado fazer uma capinha vermelha com um capuchinho, que lhe ficava tão bem que toda a gente lhe chamava Capuchinho Vermelho.
Como era seu hábito, o Capuchinho Vermelho levava comida a um familiar que vivia longe, numa casinha na floresta. E, naquele dia, assim aconteceu. A sua mãe preparou-lhe um cestinho e ela lá abalou, rumo à floresta.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A história de Ana (parte 4)

(continuação...)

E fizemos. Não só naquela casa, mas também no nosso próprio lar. Normalmente, começavam por me atar à cama, amordaçando-me e ‘torturando-me’, fazendo-me cócegas, passando penas pela minha pele nua; depois, eles seguiam mais além, forçando-me a dar-lhes prazer, fosse a lamber os seus órgãos sexuais enquanto eles faziam amor, ou impregnando-me com os seus fluidos. Não sei… dependia dos nossos apetites: fizemos uma enorme quantidade de coisas, e era sempre qualquer coisa nova. Éramos uns debochados, e tínhamos orgulho disso.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A história de Ana (parte 3)

(continuação...)

Antes do casamento, porém, a minha irmã e eu decidimos que já bastava de isolamento, e que era altura de nos reunirmos com o resto da nossa irmandade. Usando o dinheiro que havíamos adquirido nos meses anteriores (desde que Andreia havia passado de prostituta a stripper, e com a minha carreira como modelo a florescer, comigo a aparecer em alguns anúncios de lingerie, as nossas contas bancárias começavam a ficar cada vez maiores), contratámos uma agência de detectives privados, conseguimos encontrar tanto Amélia como Ângela, mas, infelizmente, depois da união entre Carlos e Andreia – a ideia teria sido tê-las na cerimónia como damas de honor. As duas estavam, à nossa semelhança, a viver juntas, em Paris, com Ângela a estudar para ser uma fotógrafa, e Amélia como “madame duma casa de S&M”. Fiquei sem saber o que significava isso até uns meses mais tarde.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A história de Ana (parte 2)

(continuação...)

Nos dias seguintes, passámos algum tempo a comprar roupa para mim (e um par de botas iguiazinhas às da Andreia – ainda me estavam na cabeça, acreditem ou não!), falando e rindo juntas. Aparentemente, depois dela ter fugido de casa, ela tentou encontrar a Amélia e a Ângela, mas não conseguiu, e teve de viver na rua durante algumas semanas, até que uma velha prostituta (“velha”, relativamente falando: tinha à volta de quarenta anos, mas tinha uma aparência bem mais jovem, parecendo ainda estar na casa dos trintas) a encontrou e lhe deu abrigo, com um preço: Andreia teria de trabalhar com ela e para ela. Ela pensou em fugir novamente, mas, não querendo ser ingrata para alguém que a havia ajudado, aceitou, contrafeita. Para surpresa da minha irmã, os anos de abuso sofridos às mãos de Estèlle foram dando jeito, utilizando os conhecimentos que adquirira para proporcionar prazer tanto aos homens e mulheres que a procuravam para terem sexo com ela. Num par de anos, ela havia arranjado dinheiro suficiente para acabar a escola, estudando de dia e vendendo o corpo de noite.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A história de Ana (parte 1)

 (história anterior)

O meu nome é Ana Karabastos. Dentro de algumas horas, vou estar numa sala de operações, a receber um transplante de fígado, e os doutores já me avisaram de que as minhas hipóteses de sobrevivência não são as melhores. Por isso… gostava de contar a alguém a história da minha vida. Porquê? Gostava que a minha história fosse conhecida, a minha vida, com muita infelicidade, alguns momentos de alegria e algum sexo à mistura; se não fosse pela existência de duas pessoas na minha vida, eu já me teria suicidado há anos. Mas comecemos pelo início.